09 dezembro 2013

Diagnóstico

Estou sempre triste. Todos os dias, uma angústia constante sem fundamento. Não melhora, só porque não a consigo justificar. Cada vez mais me custa dirigir a palavra a quem quer que seja. Tenho medo da confrontação. Situações de convivência social, é uma corda ao pescoço. Quando falo, é para reclamar. Ou maldizer. Não regozijo com o azar alheio, só gosto de desviar a atenção de mim própria. A sombra é confortável. Sou feia, disforme, parca de inteligência, mal vestida e sem modos. Mesmo assim, vivo centrada em mim e na minha circunstância. Os que me rodeiam, perderam a paciência. Sem querer, magoo quem me ama, vou além do mau humor e quebro os limites do respeito. Sinto que os mergulhei numa névoa de indiferença. Até eu, não consigo mais viver nesta pele. Tudo é um problema complexo, o coração acelera em pânico ao mínimo inesperado, na ansiedade de enfrentar o desconhecido, por mais inofensivo que possa parecer. Não gosto do que faço, e já me esqueci do que gosto. Desisti do sonho, da ideia de um dia fazer o que quero. Benditas as crianças pela sua credulidade, pena que se desvanece com o passar dos anos, isso ninguém lhes diz. A alegria que me resta, vem em momentos escassos, curtos, pouco convicta e efémera. A toda a hora pergunto, o que aconteceu que me fez começar a sentir assim. Onde foi que se perdeu o sentido das boas coisas do dia-a-dia, e das pessoas importantes na vida. O que foi que me esmagou a esperança. Quando foi que morri por dentro.

07 março 2012

Ironias da vida

Uau. Por esta é que não esperava. Apaixonar-me por um homem casado. Não é nenhum cota, não. É um rapaz, da minha idade, normalíssimo... mas acontece que está casado. E feliz, ao que eu sei. Mas eu lá sei de alguma coisa. Meteu-se comigo, brincou comigo, deu-me alguma atenção. Falámos de filmes e de música, e de animais de estimação. E numa altura de fragilidade destas, é o que basta. Uns olhinhos e o sorriso bonito também ajudaram qualquer coisa. Juntou-se a fome (vulgo vida vazia de emoções) à vontade de comer (vulgo ânsia de acordar desta monotonia) e pimba! já está. Caidinha por ele.

As boas notícias é que mais estúpida que isto não podes ficar, Teresa.

16 outubro 2011

Amiga...

No outro dia não te respondi à mensagem, desculpa… Fiquei a olhar para a tua pergunta “e contigo?” e o primeiro impulso foi dizer: “está tudo bem”. Mas era mentir. Não está nada bem. A bem dizer, está uma merda. Não faço mais nada senão trabalhar, chego a casa e penso no trabalho, não falo com ninguém, não me distraio com nada. Não fiz um único amigo nestes 10 meses. As pessoas perguntam-me se é bom viver no Porto, na grande cidade, cheia de coisas porreiras para fazer, e eu digo que sim… que grande léria. Porque a minha vida é só entre as duas margens da estrada da circunvalação, onde eu vivo. De um lado está o S. João, do outro estão os prédios onde fica a minha casa. Mais um bocadinho à frente está um centro comercial minúsculo onde faço as minhas compras. Semana após semana, não saio deste círculo. Antes ainda ia de metro até ao Marquês, que é das zonas mais degradantes no Porto, só para ir ao ginásio… mas já nem isso faço. É longe demais, não consigo fazer esse esforço. Mas por acaso até sinto falta dos mendigos que andam por lá, a berrar muito chateados com os cães deles, porque resolvem fazer um poio no passeio logo na hora que o semáforo da passadeira virou para verde (“anda Deco, filho da mãe, anda!!”). A semana inteira, só falo com as pessoas do hospital… mas não é realmente falar… é só aquele tipo de comunicação estritamente necessário… não se diz mais nada para além do que é preciso. Às vezes dou por mim a querer contar uma história engraçada disto ou daquilo, a propósito de sei lá o quê, mas se me atrevo a encadear uma frase na outra logo de seguida, ou a exceder um limite previamente imposto de 5 segundos, faz-se um silêncio tal à minha volta… mas não um silêncio de respeito nem de interesse… um silêncio que diz “fazias bem era se te calasses”, e eu inspiro profundamente, absorvo o calor humano da sala e, resignadamente, calo-me. Reduzo-me à minha condição de interna, sem opinião nem vida própria. Eu almoço quando os especialistas almoçam, vou embora quando eles vão embora, alinho no maldizer, compactuo com as intrigas, mesmo que não as entenda e que tenha que ouvir os dois lados diferentes da mesma história, eu não comento, guardo segredo que nem padre no confessionário, e ai de mim! Ai de mim que fale do que o outro disse a quem quer que seja. Resumindo, que já vi que estás com pressa: estou infeliz, amiga. Muito. Mas tenho emprego e ordenado ao fim do mês, e hoje em dia, quem é que olha ao resto?

21 maio 2011

Vácuo

Sou vazia. Não há nada cá dentro. Sou ar, sem vento. Não há turbilhão que mexa o meu mar. Não há gelo nem fogo que me abale os sentidos. Vivo nesta apatia de morte, é como se fosse leve, mais que a sombra dos meus fantasmas. Incapaz de tremer ou temer, quando o medo maior se oculta em mim. Adormeço e aí estou viva, consigo ter voz, sou humana. Canso-me, um cansaço tão grande, desisto, deixo-me cair no chão e abraço-me na solidão.

Estás longe, sempre longe! Distância infinita que nos separa, ideais que nos afastam! Merda de vida! Estou triste. Gosto de ti. Um relâmpago - troveja e chove. As gotas quentes escorrem pela face, turva-se a vista. Tudo se lava em águas de tempo. E de manhã, tudo igual, tudo apagado, sem rasto. A tempestade passou.

I'll try anything once

30 dezembro 2010

Ano Novo

Que seja, pelo menos, tão bom como 2010 e tão colorido como esta imagem :)

09 dezembro 2010

Ano novo, Invicta nova

A partir de Janeiro vou viver para o Porto. Nova cidade, novas pessoas, novo trabalho.
Assusta-me só um niquinho... Não vou para a China, mas é sempre alguma distância. Também já saí de casa há alguns anos, mas era Coimbra que, diga-se de passagem... ainda é uma aldeia.
Tendo em conta que não sou propriamente um ás ao volante e não conheço bem a cidade, vou tentar alugar casa mesmo em frente ao meu novo ganha-pão, ou seja, o Hospital S. João. Para conseguir tal proeza é preciso desembolsar dinheirinho a sério sem fazer muito espalhafato. São luxos.
Uau... vou para um cidade que tem metro. Até agora, andar de metro (Porto, Lisboa, Nova York - não viajei muito mais que isso) era sinónimo de férias... Andar com um mapa na mão e máquina fotográfica na mochila, confirmar vinte vezes qual é a estação seguinte, parar nos sítios turísticos e não me importar com os horários. Cheira-me a que cedo me vou tornar numa daquelas outras pessoas, que andam de metro todos os dias, que trazem sacos de supermercado ou portáteis debaixo do braço, andam sozinhos com os phones nos ouvidos e sabem intuitivamente em que estação devem sair sem ter que prestar atenção ao que a menina diz nos altifalantes, trazem o rei na barriga só porque vivem numa cidade grande e olham para os turistas com uma altivez francamente desnecessária...

And all I loved, I loved alone

From childhood's hour I have not been
As others were; I have not seen
As others saw; I could not bring
My passions from a common spring.
From the same source I have not taken
My sorrow; I could not awaken
My heart to joy at the same tone;
And all I loved, I loved alone.
Then- in my childhood, in the dawn
Of a most stormy life- was drawn
From every depth of good and ill
The mystery which binds me still:
From the torrent, or the fountain,
From the red cliff of the mountain,
From the sun that round me rolled
In its autumn tint of gold,
From the lightning in the sky
As it passed me flying by,
From the thunder and the storm,
And the cloud that took the form
(When the rest of Heaven was blue)
Of a demon in my view.

Edgar Allan Poe

16 dezembro 2009

Snow business


Está tanto friiiiio!!!!!
Ao menos que também nevasse aqui, para os meus gatinhos se divertirem.... :)

21 novembro 2009

Booo!! voltei

Foi longa a ausência, eu sei.
Basta de chorarem banha e ranho, de me implorarem de joelhos, de se agarrarem aos meus tornozelos e me beijarem os calos... eu já estou de volta, pronto. ;)

E é assim que se acaba um ano de cão. Repito, de cão.
Hasta la vista, Harrison!
Tou de férias até Janeiro! Inveja? Não tenham.
Ou melhor, tenham sim, que sempre me fazem sentir melhor.

Estágio, avaliações, orais com cada monstro pior que o outro, a agonia de ter uma cadeira para acabar o curso, a tese de mestrado, a defesa... e por fim... estes meses todos a estudar mais de 1000 páginas... para ter um resultado... medíocre. Para me ver a ceder aos nervos, a cheirar rasteiras onde não existiam, a errar coisas fáceis, óbvias, e a acertar algumas das perguntas mais dificeis porque simplesmente sabia e não duvidei um segundo. Enfim, é um exame injusto, eu também não fui das pessoas mais marronas que andam para aí... tudo isso se juntou e nem sei porque estou tão frustrada.

Já fui de viagem, relaxar, namorar, molhar o rabinho em água quentinha e não há nada melhor.... mas a sensação de não ter feito tudo o que podia, aquela questão que nos fica... "e se eu tivesse dado tudo por tudo, a 100%?..." quando só dei cerca 70%...
Foi o que consegui, paciência.

11 agosto 2009

Pronto, cometi adultério

"São as esperas que fazem envelhecer." - diz Silvestre Vitalício.

Ora aí está grande sabedoria...
(e ainda só li umas 10 páginas)

07 agosto 2009

Packing

A única coisa chata em ir para os Açores é a imprevisibilidade do tempo. Imaginem que tenho que abrir a mala no aeroporto, com que é que se deparam os senhores seguranças? Num canto 5 biquinis, no outro um impermeável; numa bolsa o creme protector solar e num saquinho, um mini guarda-chuva; havaianas e um casaco polar... já estão a ver a mixórdia... ainda sou presa por não levar um atestado de sanidade mental que me permita viajar sem um médico - hmm, por acaso nisso até estou coberta... ;)
Mas se formos a pensar, o estado do tempo, hoje em dia, é imprevisível em qualquer lado. Que raio de Verão é este, alguém me explica que não tou a ver onde é que ele quer chegar com tanta indecisão!

E sim senhor, este blog está a ir no bom caminho, se já não arranjo nada melhor para falar senão do tempo...

06 agosto 2009

Verdade


Não me sais da cabeça. Esta música. E tu. Repete-se e repete-se vezes sem conta e, de cada vez, o que diz faz mais sentido. Tal e qual como na primeira vez que a ouvi, que a puseste a tocar para mim. O meu sorriso rasgado reproduz-se, e sinto o melhor beijo do mundo bem aqui... nos lábios, e dentro do peito. Não quero saber se é foleiro, não quero saber se é cliché, não quero saber se é cedo, não quero saber se é arriscar tudo na esperança em ser feliz, não quero pensar no futuro, não quero pensar no quão efémera será esta sensação... só sei que, agora, só te quero é a ti.
E tu estás, mesmo aí, ao meu lado. Em tudo.

Sinto que te conheço desde sempre. Esta sintonia que é tão rara, tão valiosa, tão difícil de encontrar, que só tenho medo de acordar e ver que foi um sonho. Onde estiveste este tempo todo? :)

05 agosto 2009

Nunca mais é

Já só faltam 9 dias. Contagem decrescente para finalmente pegar nas trouxas, na máquina fotográfica e na boa disposição que não tem reinado nos últimos dias e anda algures escondida no fundo de uma gaveta (deixo o meu Harry para trás - "tem que ser, querido, eu volto mas preciso de um tempo") e pôr-me a milhas desta cidade fantasma que é Coimbra em Agosto... com rumo traçado ao último paraíso na Terra (segundo um filme que vi há uns tempos...).

E, à parte o destino, o melhor de tudo é que a companhia é TOP. :)

27 julho 2009

Sim, querido

Está mais que na hora de me agarrar com unhas e dentes a este menino. Ele chama-se Harrison, Harry para os amigos, e é um graçolas de quase 3000 páginas que se lêem à velocidade de um Renault 5 guiado por uma velhinha de cabelo azul numa solarenga tarde de domingo. Chamemos-lhe um belo romance de Verão. Mas não há cá flirts, nem falinhas mansas, nem beijinhos roubados… não senhor, é logo a sério. Chama-se o notário e é casório para durar até à segunda quinzena de Novembro. Findo esse tempo, a nossa relação será avaliada por um padreco mal-humorado, a.k.a. Prova Nacional de Seriação, a.k.a. Prova de Acesso à Especialidade. Portanto, não há tempo para traições furtivas (estou a falar contigo, Murakami), pode ser uma união curta, mas tem que ser autêntica. É cair de cabeça e fazer este matrimónio dar frutos - filhos legítimos para cima dos 80-90%... (haha, sonha).

Fico à espera dos vossos desejos de felicidades! (e prendinhas, porque não? ;)

24 julho 2009

Na paz

Perdoem-me a ausência, deste e dos vossos cantinhos... mas ando nas nuvens a curtir as primeiras mini-férias deste Verão (logo vos apresento o meu novo BFF)... o que inclui deixar os computadores de lado e passar o menos tempo possível debaixo de tecto!


Mas eu volto... já já já! :)

22 julho 2009

Acabadíssimo!!

O curso! :D

A todos os que me apoiaram, o meu muuuuito obrigado!!!

20 julho 2009

É já amanhã...

Aaaaaaaaaaaaaaaaahh!!!!!

18 julho 2009

Emmy

A super "How I met your mother" está nomeada para um Emmy de melhor série de comédia e o super Neil Patrick Harris (Barney Stinson) está nomeado (tal como em 2007 e 2008) para melhor actor secundário em série de comédia.
Será que é desta? Eu faço figas para que sim, eles merecem! (só pelo que me fazem rir...) :D

17 julho 2009

Não sei que título hei-de dar a isto

Já não bastava o peso da minha culpa por faltar ao ginásio há mês e meio e por passar dias inteiros com o rabinho alapado na cadeira… chego a casa e levo com um “estás mais gordinha, Joana!” acompanhado de um sorriso feliz como se essa fosse a melhor notícia que me podiam dar. Espectáculo. Para a minha mãe até é, que em época de exames ela acha que eu me enfio em casa e faço greve de fome. Todos os fins de semana olha para mim com um ar preocupado e diz: "Mas tu tens comido?" ou "Qualquer dia desapareces..." Qualquer gaja vos poderá dizer que apesar de sabermos que tratamos bem a barriguinha e estamos na mesma como a lesma, estas palavras são sempre boas de ouvir. O contrário é que já custa um bocadinho.

I should explain a parte da Joana: a minha sina estava traçada pela minha mãe para me chamar Joana, mas veio a minha mana em cima da hora, bateu o pé e disse “NÃO, que ela se vai chamar Teresa”, porque era assim que se chamava a irmã da sua melhor amiga, e estavam naquela idade de querer ter tudo igual. Assim, num “fica com a tua que eu fico com a minha” eu, sim senhor, chamo-me Teresa, mas de volta e meia a minha mãe chama-me Joana, só para fazer o gosto ao nome. Eu cá não me importo nada, Joana sempre é melhor que Catarina (outra ideia brilhante da minha irmã – Teresa e Catarina combinam como o caneco) mas às vezes esta coisa confunde, e eu vejo-me a desejar ser chamada de “Pssst!” ou de “Ó chefe!”...

E o ponto alto da semana foi

Como se sentiriam vocês se um (quase) estranho, que até viram algumas vezes mas com quem trocaram menos de 10 palavras na vida, vindo sabe-se lá de onde enquanto marravam tranquilamente músculos enfadonhos, vos entregasse um papelucho dobrado com um número de telemóvel, se inclinasse sobre o vosso ombro e vos sussurrasse ao ouvido: “Não sei quando te volto a ver… caso queiras tomar um café...”, desaparecendo em seguida?

(??!)

Digo-vos eu que é muuuuito bom… derreti…! :)

Pena que é má altura para me meter em encrencas...

Take my hand, take my whole life too

A melhor aquisição (cof, cof) dos últimos tempos… por muito caro que isto esteja (cof, cof), valeu o dinheiro (cof, cof).
Não consigo ouvir mais nada!! Às vezes vicio-me assim... não há nada a fazer senão esperar que passe...

Não é impossível

Eu sempre achei que era impossível. Um percurso académico inteiro, anos e anos, 83 tentativas mais-coisa-menos-coisa… e nunca tirei da cabeça que isto era absolutamente impossível. Uma meta só alcançável àqueles cujos cérebros serão um dia colectados para estudo.
O quê? Decorar todos os músculos do antebraço, as inserções de cada um, acções, inervação e vascularização. Quantos são, alguém sabe? Não vale ir ao Google!! (e não é que o Word aceita a palavra Google e imediatamente lhe espeta uma maiúscula? Isto há coisas…)
“Piece of cake”, dizem uns, “que pieguinhas”, dirão outros… pois então, tentem!
I dare you…

Só no outro dia estive 10 minutos a decorar que o cotovelo é uma bitrocleo-côndilo-trocartrose, enquanto o joelho é uma trócleo-bicôndilo-meniscartrose! Isto até ia bem, não fossem as restantes enartroses, trocleartroses, efipiartroses, artrodias, condilartroses compostas, etc… E qual é a diferença entre conóide, coronóide e coracóide?? Chiça, que confundo tudo!
Porra para a Anatomia, estou com isto pelos cabelos!!

15 julho 2009

Everything is illuminated

Eu ponho-me a dizer que gosto de pessoas esquisitas, e encontro aqui um bom monte delas!
Já não é um filme nada recente, mas se há por aí alguém que não viu.. vai daqui muito bem recomendado. ;)
Ah, e a banda sonora é 5 estrelas!*

12 julho 2009

11 julho 2009

Sniff!

Não olhes assim para mim... tens que esperar na prateleira pela tua vez.

Já não te posso ver à frente

Frank Netter, autor do Atlas de Anatomia Humana.

Renovada

Depois de uma semana a dormir mal, com pesadelos, rabugentíssima, acelerada, ansiosa... chego a casa, levo com os mimos da mamã, sardinha assada, cheiro a relva acabadinha de cortar, passo a mão pelos meus gatuchos... e durmo que nem uma santinha. É um mistério, como coisas tão simples nos fazem tão bem...
Estás tão perto e às vezes parece tão longe, fazes milagres!
Home sweet home! :D


E hoje, em vez de sonhar com Anatominices e coisas parvas, sonhei com... a minha adorada Praia da Rocha.
Quero-te tanto!!!

10 julho 2009

E o ponto alto da minha semana foi

...avistar um casal de pêgas.

09 julho 2009

Por um café

Os Hospitais da Universidade são bueda grandes. A certa altura já parecem pequenos e asfixiantes (quero sair daqui!), mas não deixam de ser grandes em área. Milhares de pessoas entram e saem todos os dias. São grandes e labirínticos, de tal maneira que de cada vez que alguém lá da terrinha está internado, eu tenho que fazer de guia às visitas. Vá, nem sempre, senão estava mal e tinha que cobrar o tour.
Enfim, este edifício é tão grande que tem recantos escondidos que a maioria dos utentes não conhece nem sonha conhecer. É assim, com um sorriso maldoso na cara, em plena hora de almoço, que passo ao lado de um bar a abarrotar de gente com uma fila de 10 metros, subo umas escadas, viro numa curva, passo 2 ou 3 portas e chego a um barzinho simpático, onde peço o meu café sem esperar um segundo. E foi isto que eu aprendi nos anos todos que andei a veranear pelos HUC. Fiz valer o dinheiro, mãe?


Teresa, sai do computador e vai estudar, anda.

Há pessoas burras que nem portas...

... e a minha paciência escasseia! Em minha casa vivem 5 raparigas, eu sou a mais velha. Desde que aterrei aqui, há 3 anos, organizei 3 caixotinhos na dispensa para separar a reciclagem. Para não haver guerras, disponibilizei-me logo para levar as coisas ao ecoponto, que até é perto, e não me custa absolutamente nada. A única regra era colocar a reciclagem minimamente limpa, para não deitar cheiro. Ainda se consegue compreender (a muito custo) que seja extremamente trabalhoso passar por água uma lata de salsichas ou um copo de iogurte, e que seja mais fácil simplesmente deitar para o lixo normal. Mas uma caixa de cereais? Um pacote de bolachas?? Tudo enfiado no lixo da cozinha!! E embalagens vazias de champô? E caixas de sabonete? Tudo enfiado no lixo da casa de banho!! Óbvio que não vou andar a chafurdar no lixo a tirar coisas para a reciclagem! Mas como é que é possível haver gente tão parca de inteligência?!! São cachopas novas, onde é que este mundo vai parar?!

Grrrrrrr!! Segurem-me, que eu vou-me a elas!!!

Cimento

Eu gosto de pessoas esquisitas com manias esquisitas. Daquelas que vivem no seu mundinho e só deixam transparecer uma quarta parte do tumulto que lá vai dentro... tipo eu. Acho que é por isso que o meu filme preferido de todos os tempos é o "Fabuloso destino de Amélie" (seguido de perto pelo "Sen to Chihiro no Kamikakushi", visto que o Miyazaki é outro esquisitóide de primeira)... ou seja, dois weirdos encontram o amor e eu acho isso lindo.
E porque é que me lembrei disso hoje? O namorado da Amélie, antes de se pôr a coleccionar fotos de passe deitadas ao lixo, coleccionava fotos de pegadas ou coisas escritas pelas pessoas no cimento. Mal me levanto e olho pela janela, vejo que alguém acimentou a entrada de uma das garagens (provavelmente aproveitando as obras do café lá em baixo) e, apesar do cimento ainda ter aspecto de fresco, já lá estavam umas pegadas de gato... Porque é que eles fazem isso?
Porque são narcisistas e esquisitos, e eu adoro que sejam assim!

08 julho 2009

Atacada na cabeleireira

(as crianças podem ler porque não tem nada a ver com tesouras e não tem cenas ensanguentadas; aliás, a história é tão longa e tremendamente interessante que é óptima para a hora de deitar)

Five o’clock p.m., pego no meu super popó (um bolinhas vermelho-à-benfiquista-orgulhoso-não-sei-bem-de-quê, dois lugares, em 2ª mão, comprado de propósito para a menina treinar as suas manobras automobilísticas – vai a tempo, só tirei a carta há 3 anos – e para o papá ir à pesca) e vou até ao centro procurar quem me ajude a domar esta juba.
Entro na cabeleireira que é unissexo mas só com um “s” (já explico) e, como é ritual estabelecido há muitas gerações, vendo que todas as empregadas estão ocupadas, dou as boas tardes, alapo o rabinho no sofá e vasculho a literatura espalhada na mesinha em frente. Não, não me sinto tentada a pegar numa Caras ou numa Maria, por mais apetitosas de mexericos que pudessem parecer; pego no Diário de Coimbra, só porque fico francamente admirada por ver ali um jornal (é para fazer valer a designação unissexo, mesmo que não se visse um único cliente masculino). Estava a acabar de ler a notícia da Académica quando ouço pela 3ª vez: “É para lavar e secar?!” e finalmente levanto a cabeça para ver quem é que era tão surdo que não ouvia isto à primeira (vá, o barulho do secador perturba, mas a mulher estava a berrar alto o suficiente!), e vejo que ela estava era a falar comigo. “Não, é para cortar!”, respondo eu, a sorrir e a ficar da cor do meu bolinhas. Nisto, salto do sofá e vou ter com ela, que já está de toalha em punho para ma enrolar à volta do pescoço e lançar as garras ao meu couro cabeludo. Sim, porque cabeleireira que se preze tem que ter unhas de metro e meio, que raspam no escalpe enquanto nos lavam a cabeça – o que, estranhamente, sabe bastante bem (e também pulseiras cheias de penduricalhos que fazem um tlim-tlim-tlim agradável).
Só aí, de olhos fechados a saborear a massagem grátis com champô de morangos, é que me apercebo do tema de conversa. Ora nem mais: médicos. Estava uma senhora indignadíssima a contar que um médico “daqueles novitos” lhe tinha indicado num papel para tomar uns comprimidos ao pequeno-almoço, tendo escrito “almoço” com “s”. Franzi o sobrolho duvidando seriamente da veracidade dessa acusação (algumas letras são tão esquisitas que um “ç” escrito à pressa pode muito bem ter ficado parecido com um “s”), e pareceu-me que a cabeleireira notou, pois parou a massagem que tão bem me estava a dar arrepios na espinha e perguntou: “A menina estuda?”
Abro os olhos para ver se era para mim a pergunta, e vejo a senhora, de pés para o ar, a fitar-me expectante. Respondo que sim, estudo. “E é boa a português?” Digo que acho que sim, sem mostrar grande certeza para não me comprometer. “Diga-me lá então como é que se escreve unissexo?” Respondo que com dois “s”, não vendo outra parte da palavra que suscitasse dúvida. Ela larga as mãos cheias de champô da minha cabeça ainda insuficientemente consolada, e lança-as à colega do lado, a berrar “Tás a ver?! Tás a ver?!”.
Fico então a saber que há uns dias entregaram um placard para colocar na parte de fora do estabelecimento, e só quando estavam todas no passeio a fumar o cigarrinho é que repararam que aquilo tinha um erro. Aliás, uma só delas é que notou (a que me estava a lavar o cabelo), o resto ficou a olhar para aquilo como um burro para um castelo, sem conseguir notar o que raio estava mal com o dito placard. Foi uma guerra pegada, que se reergueu com a minha opinião. Fico admirada que nesses dias todos ainda nenhuma tivesse procurado um dicionário; e feliz por saber que a minha pelagem estava entregue à mais esperta delas todas.
Passado esse tema, ânimos acalmados, já eu tinha levado uma valente poda na crina, quando se lembra a dita senhora de me perguntar o que é que eu estudo. E pronto, da resposta levanta-se uma tempestade sem qualquer aviso.
(É preciso ver que, nestes sítios, quando se começa a falar mal de alguma coisa, quem conseguir falar pior ganha uma espécie de concurso.) De repente, vejo-me a ser atacada com “aquela vez que fui à urgência com o pé todo torto e nem me tiraram um raio-X”; e com “no meu parto só deixavam usar não-sei-quantas compressas e eu podia esvair-me em sangue que não davam mais”; e com “fui queixar-me com dores de barriga e deram-me comprimidos para os nervos”… que já só queria era pôr-me a milhas dali para fora antes que alguém chegasse à conclusão que os médicos não deviam ter cabelo porque, de alguma forma, (elas lá arranjavam uma, era só dar tempo), atrapalha as decisões.
Enfim, isto é a história de uma sobrevivente, sem danos de maior sofridos na molhelha … mas os médicos que se ponham a pau que, nestes dias, entrar numa cabeleireira, sem guarda-costas, padre e advogado… pode ser tarefa arriscada.

Agora agradeçam-me, os que chegaram ao fim, porque não mais recuperarão o tempo perdido a ler acerca da minha espectacular tarde a cortar o cabelo.

06 julho 2009

Selo

Levei com um selo do Senhor das Chaves que até fiquei com a cara à banda. E tive muito gosto! :D

Então as regras deste desafio são as seguintes:
- Publicar a imagem do selo e identificar quem o deu (check!);
- Escolher 5 situações da vida, que mereciam ser repetidas em câmara lenta (já lá vamos) ;
- Passar o desafio a outros blogs e avisar ;

Os meus momentos câmara lenta:
- quando era miúda, em casa de uns tios, a pegar num patinho amarelo fofíssimo e a vê-lo a descarregar a tripa pela minha camisola de domingo, que era branca e ficou verde… (vá, rebobina e volta a passar para gozar mais um bocadinho);
- nas competições de natação quando era cachopa, naquele instante de tocar com a mão na parede da piscina, a chegar em primeiro nos 200m bruços (qual Michael Phelps, qual Ian Thorpe?);
- o primeiro beijo (a sério), ao som dos Santos e Pecadores, lol… (e todos os primeiros beijos com novos meninos… também não foram assim tantos, que não sou nenhuma desavergonhada);
- eu a cair de cu nas escadas da faculdade, que são escorregadias como o raio, em dia de exame, ou seja com o hall de entrada cheio de colegas... acho que só umas 20 pessoas é que repararam...;
- eu e os manos (já adultos), praia do Algarve à pinha, e nós os 3 encavalitados no colchão de água, a atirar algas uns aos outros, a rebolar na areia feitos croquetes, a cantar "George, George, George of the jungle", a soltar a parvoíce que há em nós, com tudo a olhar e a gente sem vergonha alguma.

Ficam de fora, mas não esquecidos, todos os momentos de risota entre amigos, de cumplicidade entre amigas, de paz com a família, de orgulho pelas alunas, de brincadeira com os pets, etc etc… ;)

E agora passo o testemunho, especialmente aos meus queridos seguidores, mas também a todos (não são muitos) os que aqui vêm espreitar este blog e queiram agarrar o desafio! ;D

05 julho 2009

Um conselho que vos deixo

Nunca, mas nunca, vão de ressaca para um casamento.
"Ah, o final do estágio calha dia 3 e tenho um casamento dia 4. É na boa." Não é.
Jantar de 6º ano e comemorações até às tantas. Dormi 3 horas. Levantei-me ainda zonza, tomei banho, vesti a fardamenta com que só me apanham nestas ocasiões e calcei os saltos altos que me deram pesadelos as últimas duas semanas. Os papás vieram buscar-me e seguimos por uma estrada cheia de curvas e solavancos para uma quinta no fim do mundo dos arredores de Coimbra. De cabeça fora da janela, a cada curva fechava os olhos, respirava fundo e rezava três Avé-Marias para não sujar o vestido com o jantar de ontem. Enfardei salgadinhos porque não há nada como coisas gordurosas para curar a ressaca. Emborquei de um trago duas garrafas de água e não mais deixei o barzinho até encher a bexiga. Os pés ainda doíam da discoteca, as forças faltavam até para segurar a carteira minúscula, a cara pálida e a maquilhagem da noite anterior assustava os primos afastados que só me vêem uma vez por ano. "Estás com um ar cansado, tens andado a estudar muito..." diziam eles, não reparando no olhar reprovador da minha mãe que sabia bem de onde vinha o cansaço...
A missa é longa, junto as pestanas 50 vezes, a cada uma olhando discretamente para os lados para ver se alguém tinha notado. O coro é bonito mas a flauta (daquelas de plástico) desafina de tal maneira que só apetece chorar. Ainda desinibida, dou os parabéns à noiva e quase deixo soltar que o vestido é horrendo. Está tudo cheio de frio com o tempo enevoado e só eu me abano com o programa das festas. Lá vem o almoço. Fico melhor. Luto incessantemente contra a urgência em dormir a sesta, mesmo com o barulho infernal do grupo de baile. Dispenso o tio doido varrido que me tenta puxar para dançar, e que tanto anima 300 pessoas como estraga a festa em 3 tempos. Mais comida, nunca mais acaba, partida do bolo, nunca mais acaba, fogo de artifício, nunca mais acaba, distribuição de presentes, nunca mais acaba... acabou. Volto a casa a dormir o primeiro sono no carro. Ah... abençoado chinelinho, rico pijama, querida cama.
Que dia infernal. Não façam isto em casa.

Despromoção

Nomeio (por razões óbvias) os indivíduos acima identificados como mascotes deste blog, despromovendo assim o Bobi ali ao lado - visto que já ninguém pode com o Feel Good dos Muse, só porque ele é tão preguiçoso que não muda a playlist.

Ideia

Como ocupar um Domingo à tarde com uma moeda de 1€...

03 julho 2009

Paragens

Eu nunca adquiro nada sem gostar. Palavra, não compro nada assim: “Olha… vai!”. Sou uma esquisita e não tenho o gene shopaholic das gajas. Eu sou capaz de fazer uma viagem ao centro comercial, entrar nas lojas todas, experimentar 238 peças e sair de lá sem nada. Há pessoas para quem isto é um ultraje…
Então porque é que há camisolas no meu armário que eu não vesti uma única vez? É que estas não foram dadas por uma tia ou prima qualquer com péssimo gosto, foram compradas por mim, mea culpa! Como é que as adorei tanto na loja ao ponto de esperar na fila do balcão e as pagar, e mal chego a casa vão para o canto do guarda-fatos, para não mais de lá saírem – é que não entendo. De tempos a tempos, com peso na consciência, volto a experimentá-las, mas nada… não se faz aquele click!, não há esperança à vista para tal vestuário. Os dias vão passando, e elas ali, novinhas em folha, na sua moradia eterna, à espera que numa bela manhã de nevoeiro eu decida pegar-lhes… mas não pego. São cores que não vão com a minha pele, são padrões que me enjoam, são cortes que assentam mal.
Alego insanidade mental temporária.

Chiiiiça!!

O café por baixo da minha casa está em obras. Estão a arrancar paredes, chão, vai tudo ao ar. O martelo pneumático não pára desde o raiar do dia ao cair da noite, enquanto a vizinha de cima tem a delicadeza de pôr a tocar música clássica para o prédio todo ouvir. Belíssima combinação.

Tenham dó!!

02 julho 2009

A solo

Não querendo plagiar o tema de um episódio da série divertidíssima “How I met your mother”, o facto é que ultimamente, quando surge um convite para jantar de amigos (nesta altura são alguns e, graças à Santa, que ainda não começou a onda dos casamentos) tem que vir, infelizmente, acoplada a pergunta fatal: “Vais sozinha ou levas alguém?”. As pessoas pensam que já estamos naquela idade em que a vida está encaminhada e faz-se tudo a dois. É o caso para a maioria, mas – take your head out of your ass –, acreditem ou não, há quem fuja a essa generalização. Quando respondo prontamente que vou só eu, lá vem o “Ah, tá bem” com a conotação de “Esta fica para tia”. Mas o que é que é tão estranho em ir sozinha? Será tão difícil de crer que este pedaço de mau caminho não tenha encontrado um par à sua altura? (haha, coça aqui que esta tem piada) Porque é que ninguém fica em dúvida se sim, tenho namorado, mas que é tão tremendamente giro, sexy, educado e divertido, que não o trago a estas coisas com medo que alguma das “mal casadas” lhe ferre os dentes? (deixo-o amarrado em casa... hmm...) É uma hipótese plausível, ou não? Porque é que o “Ah, tá bem” que vem com o sentido de “Coitada, daqui a uns anos está a viver com 5 gatos”, não vem antes com o sentido de “Cabrita egoísta, quer aquele Deus só para ela”?!
Que falta de sensibilidade.

30 junho 2009

Audição

Correu às mil maravilhas. Estou toda inchada de orgulho! Não foi nada nada como eu agoirei... Exímia executante, a minha miúda! Quando chamaram os professores ao palco, eu estava, feita parva, com um sorriso rasgado de orelha a orelha que não consegui desmanchar desde que ela actuou. Foi lindo. :D
No final da festa, uma pequenita que costuma andar lá pela escola a roer-me as canelas, veio-me perguntar: "Professora Teresa, ainda vai cá estar quando eu fizer 14 anos?" (tem 8), e eu digo "Não sei, Alicia, porquê?" e ela "Porque eu pedi aos meus pais para aprender flauta transversal e eles disseram que eu podia quando fizesse 14 anos, e eu queria que fosse consigo..." (qualquer coisa que lhe disseram para a calar e não desistir já do piano). Tão querida!

Não sei se vou poder dar aulas para o ano, nem devo ter grande futuro nisto, mas cá para nós que ninguém nos ouve: foi MUITO BOA a experiência. Recomenda-se ;)

26 junho 2009

No hard feelings

Hoje assisti à minha última aula do curso. UAU. Última aula, depois destes anos todos, nem acredito.
Foi uma bela aula de Psiquiatria, em que o prof chamou um ex-toxicodependente para vir falar connosco.
Ex-toxicodependente até certo ponto: "Gasto agora quase tanto na farmácia como gastava em heroína... e, se não estou dependente do meu traficante, estou dependente do meu médico e nunca posso ir para muito longe". O rapaz toma uns 6 ou 7 fármacos no dobro (e alguns o triplo) da dose terapêutica máxima. Um só fármaco nessa dose punha qualquer um de nós de coma (palavras do prof). No entanto, é graças a isso que se conseguiu encaminhar. Quando questionado se se arrepende e se acha que perdeu muita coisa na vida, recosta-se na cadeira e responde: "Não. Sou o que sou hoje por ter passado o que passei."


Dei por mim a correr os olhos pela sala e a sorrir... Não comparemos as histórias, nem tem nada a ver, mas as frases feitas são feitas para pensar. Estas pessoas (vide post anterior algures) não deixarão de ser minhas colegas aqui, nesta última aula... Vão sê-lo sempre, e onde quer que vá, posso sempre encontrar um deles. Guardar ressentimentos é uma grande estupidez. Grande grande estupidez, não ganho absolutamente nada com isso. Ganho com a experiência. Daqui a uns tempos, vou sorrir assim ao que se passou, à maneira como reagi e, principalmente, à importância que lhe atribuí. E vou ver, que tudo desapareceu num sopro e se dissolveu na brisa... ou no tempo.

Moonwalk

Não há nada de novo a ser dito.
Só para informar que estou de luto.. :(

ÚNICO, sem dúvida.

25 junho 2009

Hahahahaha

Ri-te. Ri-te até se queixar o rosto. É para isso que o és. Deixa-te ir, galga a mais alta colina, assenta os pés descalços na terra despida, abre os braços, estica-os às nuvens – e grita. Grita tanto quanto consigas. Grita o que te apodrece o pensamento, grita o que amontoas na garganta, grita o fardo que te submerge o corpo… e afasta-os em sopro. Vê-os a dissolver-se na brisa e a não tornar – os assombros da tua alma. Estás leve, estás livre. Não te acanhes, não te encubras, não fujas mais. Pula, baila, assobia, trauteia. Cerra os olhos, cerra os punhos, sente a pulsação nas tuas mãos, sente-a bem – crê que estás viva. Sê realista, sê egoísta! Não cries expectativas, não sonhes, não acredites? Larga a mala no chão, as portas abertas, os cabelos soltos, vai, vai, não te detenhas senão quando chegares. Não desistas, não esmoreças, não consumas esse alento que é tão teu, que é tão certo.
Que outro motor haverá?

24 junho 2009

@£§&%!!!

Rasganço adiado.

20 junho 2009

Flute rocks

É do caneco preparar uma audição. A minha aluna vai tocar o Amazing Grace e o Intervalo. Escolhas dela, eu deixei. Eu deixei porque sabia que mais ensaio, menos ensaio, aquelas músicas (quaisquer que fossem), lhe iam causar maleitas - e eu não ia arcar com as culpas.
É que aquilo é... um vá lá então vamos começar com o piano; é se calhar começavam antes as violas; é ah não, o piano fica melhor; é e se repetissemos o refrão, que fica bem; é esqueçam isso que fica horrível; é já estou a ficar tonta de tanto soprar; é a professora a ralhar porque ela não usa a técnica; é vamos só parar 5 minutos; é agora a flauta arrefeceu e desafina; é espera lá que o piano vai muito rápido; é olha aí que as violas estão descoordenadas; é pára com o jambé que já não me ouço a pensar; é tenho que me sentar que já não posso dos joelhos; é tenho que parar que me doem os braços; é olha-que-merda tenho uma cãimbra no mindinho; é a professora a ralhar porque não se dizem asneiras; é vamos cantar nós para a flauta descansar; é esqueçam lá isso que ninguém sabe a letra; é vá lá calem-se que me ferem os ouvidos; é tudo a bufar de impaciência; é vamos embora que ainda morro de fome; é andem lá só mais uma vez e acabou-se; é vamos voltar do início que está tudo mal...

Enfim, a música repete-se milhentas vezes até a odiarmos com quanta raiva as entranhas aguentam. Claro que, no dia do juízo final, a plateia ouve tudo pela primeira vez, e se a miúda se engana... é porque não ensaiámos o suficiente; é porque isto é uma geração de preguiçosos; é porque a professora é nova e não presta; é porque alguém tossiu e a cachopa distraiu-se; é porque as luzes lhe batiam nos olhos; é porque o afinador ficou sem pilhas; é porque o jantar não caiu bem; é porque a maquilhagem derrete com o calor; é porque atrás do palco "o meu Ré não sai!"; é porque as mãos tremem e a flauta escorrega com o suor; é porque o namoradito estava lá e a pôs nervosa...
E depois é... esses factores que não importam quando se sabe tudo de trás para a frente; é haver sempre algum palerma que diz "para a próxima fazes melhor"; é para o ano é melhor procurar outra professora; e é a frustração de ter tocado tudo bem incontáveis vezes, e só eu saber do que ela é capaz...

Mas algo me diz que vai ser 5 estrelas! ;)

A minha casa não é igual à tua

E se, nas nossas cidades, em vez de grandes mamarrachos, caixotes e caixotes todos iguais, simplórios, entediantes e realmente feios, tivéssemos isto?

19 junho 2009

Come walkabout

Quem me conhece sabe que desde que sou gente, não falo de mais nada senão de ir à Austrália. Isso em termos de viagens, que eu tenho mais temas de conversa. Só agora conheço este filme (Australia) porque me diziam que não valia nada, e eu andava a adiar o desgosto. Visto que tenho mais é que estudar para acabar o curso, foi a melhor altura que arranjei para o ver. Realmente, não é que valha grande coisa. Se não fosse esta cena da Nicole Kidman (à parte da matança de animais selvagens que se faz por lá, ri-me a valer), e as costas musculadas do Hugh Jackman lá pelo meio (em termos de Anatomia, é um excelente objecto de estudo - só estou a pensar nesse aspecto)... o filme diz muito pouco da Austrália.

Esta é a Austrália que eu quero ver...

mas se não me ponho a pau, ainda me calha esta:
"Come to Australia" - Scared Weird Little Guys
hehehe :D

16 junho 2009

Fartanço

Encontro-me num estado de desleixo sem precedentes.
- Anteontem andei todo o santo dia com uma mancha de café na camisola e nem liguei. Pior, fui a casa almoçar e voltei a sair sem me lembrar sequer de trocar de roupa. No dia anterior tive preguiça de passar a ferro umas calças, mas usei-as na mesma (há calças de ganga engelhadas que são fashion, as minhas não) - foram desenrugando ao longo do dia e ficaram um mimo.
- Ontem, belo dia enevoado com previsão de chuva, saio de casa (onde está um calor infernal) sem olhar antes pela janela, de sapatinho aberto (a pavonear, sem pudor, o belo do joanete do tamanho de Júpiter) e sem guarda-chuva. Pior, quando já estou no hospital há sei lá quantas horas, quando já passei pelos quartos todos da enfermaria e já vi todos os médicos, sento-me e olho para baixo... os meus pés, todos riscados e escritos a caneta azul. Foi a forma que arranjei, na noite anterior à uma da manhã, sentada na cama a estudar Anatomia (última cadeira do curso ainda por fazer), para decorar os tendões todos do pé: escrevê-los na pele. Sendo que o duche da manhã é tomado ainda de olhos fechados, sem as lentes postas e à pressa... deu nisto.
Mas não me fico por aqui, o desleixo vai mais além horizontes.
- O meu cabelo não vê amaciador há sei lá quanto tempo, portanto anda num estado que varia entre uma esfregona velha e o ninho de melros lá de casa. Só me falta deixar crescer um tufo nos sovacos, pôr uma t-shirt de cavas, e o quadro é perfeito. Há quem repare, mas é para o lado que durmo melhor.
- Dentro de duas semanas é o meu rasganço (se entretanto tiver feito Anatomia, claro) e, enquanto as minhas colegas vão aparecer todas sexy com soutiens push-up e corpetes à mulher da vida (não, não arranjo um convite aos meninos perversos), eu vou ser uma bola de trapos. Os meus coelhos vão estar orgulhosamente à vista de 50 pessoas, porque aqui a menina não põe os pés no ginásio, sendo a razão pura moleza. O que são os coelhos? Eu digo. Os coelhos são aquelas almofadinhas que se ganham de um lado e outro da cintura quando estamos a perder a forma física. Não chegam a ser um pneu, mas têm potencial para isso. Eu e o meu irmão travamos há muito uma batalha rija contra os coelhos. Depois de uma almoçarada de fim de semana, os coelhos dizem: "Aaaah!! Estamos consoladinhos!.." e quando vamos fazer exercícios dirigidos aos coelhos (tipo inclinar o tronco para cada lado, com a cintura fixa), os coelhos dizem "Ai!!" de um lado e "Ai!!" do outro. Claro que isto gera um certo equilíbrio, e os coelhos não crescem mas também não nos livramos deles.
- Hoje dou por mim a almoçar sozinha na cantina, coisa que me aterrorizava há uns anos atrás. Não era capaz, fazia muita mossa na reputação. Claro que, nessa altura, eu não entrava numa cantina sem conhecer uns 15 a 20 marmanjos; neste momento, entro (como de boca aberta, pego nos ossos com as mãos e palito os dentes, se quiser - não o faço, mas podia) e saio sem avistar uma cara familiar.

E isto porquê? Não sei o que se passa, mas suponho que é fartanço. Numa cidade de estudantes, em que os novos estão sempre a chegar e os velhos a partir, a média de idades da maioria dos sítios que frequento (tirando o hospital) é de 20 aninhos. Logo, eu já faço parte da quota dos cotas. Ir à discoteca é entrar num infantário e ser a educadora de infância. Estou deslocada. É cruel viver em Coimbra depois dos 25. Como ninguém olha duas vezes para uma cota, acabamos por nos habituar a não nos sentirmos observados. E o desleixo instala-se. Está a chegar a um estado crítico que me preocupa.
Acho que quem mais se assombra pela nostalgia de sair de Coimbra é quem não a viveu. Sei que aproveitei muito, ri muito, festejei muito (bebi muito), namorei muito, experimentei muito, aprontei muito, estudei muito (pouco), fiz tudo o que podia ter feito nesta cidade mágica. Mas essa fase da minha vida está a passar, é preciso algo novo. Posso depois voltar... de certeza que vou voltar... e as saudades vão ser mais que muitas... mas agora, agorinha mesmo, estou farta. E não vejo a hora de sair daqui.

15 junho 2009

O quase

Uma das coisas que tenho notado neste meu retorno à blogosfera é que anda para aí muita gente de mal com a vida. Mas não me levem a mal – isso é bom, dá azo a belos textos sarcásticos, do jeito que eu adoro. E toda a gente sabe que quando andamos contentes, a deitar foguetes e a apanhar as canas, a avistar passarinho verde, com mouro na costa... poucos perdem o tempo de se sentar à frente do computador para escrever – o que a gente mais quer é aproveitar a vida, sair para a rua e passear, porque tudo que vemos é belo, todos os jardins estão floridos, todos os dias são de sol e arco-íris. Para além de que dissertar sobre a nossa felicidade não tem grande piada para quem lê.
Tal como a desgraça alheia é amiga do jornalista, a política é o combustível do comediante, e o azar ao amor é a inspiração do poeta.
Ora eu, que não vejo interesse na desgraça alheia (por isso é que faço alergia ao telejornal da TVI), que pouco ou nada percebo de política, e que já (quase) ultrapassei o meu passado azarento em matéria de amores… dou-vos o quê para ler?
Paciência, tomem lá disto… (é o quase):

Vem agora ter comigo, vem ver o céu cor de flor (*)
Olha para mim e pergunta-me se é verdade o que dizem do amor.
Não há quem te diga com certeza, o que devemos procurar na vida
Mas digo-te eu, que não tenho dúvida, esta história já foi lida.
Acordei de repente e o mundo está mais frio
As pessoas mais longe, dentro de mim um vazio.
Vagueio pelas ruas de sempre, conhecia os becos de cor
Mas sem ti são tão diferentes, esta cidade ficou maior.
Parece que já foi há tanto, mas foi só ainda há pouco
E já sinto a tua falta, estou entre o mar e um louco.

(*) Em alusão ao Blue or Pink, hm, hm?

A julgar pela péssima poesia, já todos vós se devem ter apercebido da semelhança com uma qualquer letra de canção fraquinha do vosso conhecimento. Pois é, isto foi feito há uns tempos, em cima do joelho, para se ajustar numa música que deverá passar em breve na vossa rádio predilecta. Ou não, também não faço ideia qual é a vossa rádio predilecta. É mais provável que passe nos Morangos, mas se vocês vêem essa merdice, metam-se já a milhas deste blog. Também já devem ter percebido que o meu orgulho nisso é menos que escasso, pelas razões que estão à vista. Enfim, pode ser que a oportunidade se repita e eu faça melhor figura. Por enquanto, digo alto e a bom som que contribuí para a fina qualidade da música portuguesa…
Para verem orgulho à séria, é porem-me a falar na minha aluna de flauta transversal que já vai actuar à frente de um auditório repleto de gente no próximo dia 30 e que me vai deixar os olhos a correr àgua feito duas torneiras estragadas. Mas isso é assunto para outro dia...

13 junho 2009

António

Hoje, dia de Santo António, faz 25 anos que morreu António Variações.
Eras um artista esquisito até dizer chega, mas obrigado por mostrares que ser genuíno e original dá os seus frutos... apesar de não teres chegado a colhê-los.

Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
(...)
Vou continuar a procurar o meu mundo, o meu lugar
Porque até aqui eu só...

Também quero!!

Ena pá... grande espectáculo!
Não digo que este seja o ambiente ideal para ver estes animais... não sou muito adepta de Zoos, por razões óbvias aos animal lovers... mas a experiência não deve ser má.
O que eu mais gostava era vê-los em liberdade, no meio da savana toda seca, debaixo de um sol abrasador, a caçar gazelas indefesas (não é bonito, mas é a lei da selva), com as patas e o focinho ensanguentados, a dormir nas raras sombras que existem, a sacudir as moscas com a cauda... e lindos, por natureza.
Tocar-lhes seria tarefa impossível, e isso faz parte da sua beleza. Serem perigosos, inalcançáveis, independentes... livres!
E não meros animais de estimação.

Aqui, num Zoo da Argentina muito longe de si.