Ah!!
Maravilha...
Cheguei a casa com as tralhas para umas mini-férias. Abençoadinhos feriados.
A semana não podia ter começado pior, o que vale é que passou rápido (hehe, se todas as semanas tivessem só dois dias de trabalho...).
O último mês de estágio, na Psiquiatria mulheres. Segunda-feira, uma salinha pequena cheia de raparigas (doze, a minha turma) a olhar expectantemente para a porta, quando entra um dos médicos. Põe-se dois segundos a olhar para nós, para depois soltar um "Ena pá.......... SÓ GAJAS!!" Gente louca aquela. Vinha daí a minutos a saber que aquela peça ía ser o meu tutor.
Tirando isso, valha-me Nossa Senhora... é o degredo.
Este país está de tal maneira que não se vê mais nada senão depressões. É de suspirar de alívio quando se ouve qualquer coisa que não um "não gosto de andar na vida" (por alguém que claramente não conhece a conotação da expressão "andar na vida"), ideias suicidas fixas (apesar de duvidosas...) ou um ataque de choro porque a alta está eminente e não se está para deixar o relax do internamento, onde não há comida para fazer nem casa para arrumar, nem a mãe, a avó e os primos, todos uma "cambada de ingratos" para cuidar... Uma espécie de mini-férias para algumas doentes, portanto.
É assim, com entusiasmo, e algum medo, que me aproximo de uma psicótica hostil para perguntar (entre outras coisas obviamente necessárias ao diário clínico) se tem comido bem, e ficar a ouvir o quanto ela comia sopa quando era nova e que hoje em dia ninguém faz sopa (sem deixar de contar, com todos os pormenores e todas as voltas que uma conversa pode dar, quantos regos de couves o marido - que está ali, aponta ela para o ar ao fundo da cama, como se o estivesse mesmo a ver - plantava nas terras, para então se lembrar de falar no casamento e nas doenças da mãe, e na p* da nora, para voltar de novo à sopa).
Parece que tem piada mas não tem piada nenhuma. Só que, se não virmos as coisas por esse lado, enfim... Há histórias mirabolantes, chocantes, e aquela gente não está a receber cachet de actor de filme dramático, é mesmo a sério.
É triste, e saio de lá com o astral de rastos.
E depois há aquelas, que vivem num mundinho só seu, em que tudo faz sentido, por mais anormal que seja. Uns olhos vivos e umas falinhas mansas... completamente sem noção da doença. Uma felicidade que não deixa de fascinar...
Quem sou eu para falar? Também vivo num mundo desses, exclusivo, com direito a vulcões (a minha ira?) e a uma rosa bem/mal cuidada (o amor?).
Por isso é que vou aproveitar estas mini-férias para... relaxar?... ir à praia?... preguiçar no sofá?... pôr o sono em dia?... sair com os amigos?... passear com a família?... apanhar sol e comer gelados?... perder tempo a surfar na net?... ver filmes até me doerem os olhos?... (os momentos de sanidade mental são mesmo precisos...)
Não. Baah..... é para estudar. :(
Maravilha...
Cheguei a casa com as tralhas para umas mini-férias. Abençoadinhos feriados.
A semana não podia ter começado pior, o que vale é que passou rápido (hehe, se todas as semanas tivessem só dois dias de trabalho...).
O último mês de estágio, na Psiquiatria mulheres. Segunda-feira, uma salinha pequena cheia de raparigas (doze, a minha turma) a olhar expectantemente para a porta, quando entra um dos médicos. Põe-se dois segundos a olhar para nós, para depois soltar um "Ena pá.......... SÓ GAJAS!!" Gente louca aquela. Vinha daí a minutos a saber que aquela peça ía ser o meu tutor.
Tirando isso, valha-me Nossa Senhora... é o degredo.
Este país está de tal maneira que não se vê mais nada senão depressões. É de suspirar de alívio quando se ouve qualquer coisa que não um "não gosto de andar na vida" (por alguém que claramente não conhece a conotação da expressão "andar na vida"), ideias suicidas fixas (apesar de duvidosas...) ou um ataque de choro porque a alta está eminente e não se está para deixar o relax do internamento, onde não há comida para fazer nem casa para arrumar, nem a mãe, a avó e os primos, todos uma "cambada de ingratos" para cuidar... Uma espécie de mini-férias para algumas doentes, portanto.
É assim, com entusiasmo, e algum medo, que me aproximo de uma psicótica hostil para perguntar (entre outras coisas obviamente necessárias ao diário clínico) se tem comido bem, e ficar a ouvir o quanto ela comia sopa quando era nova e que hoje em dia ninguém faz sopa (sem deixar de contar, com todos os pormenores e todas as voltas que uma conversa pode dar, quantos regos de couves o marido - que está ali, aponta ela para o ar ao fundo da cama, como se o estivesse mesmo a ver - plantava nas terras, para então se lembrar de falar no casamento e nas doenças da mãe, e na p* da nora, para voltar de novo à sopa).
Parece que tem piada mas não tem piada nenhuma. Só que, se não virmos as coisas por esse lado, enfim... Há histórias mirabolantes, chocantes, e aquela gente não está a receber cachet de actor de filme dramático, é mesmo a sério.
É triste, e saio de lá com o astral de rastos.
E depois há aquelas, que vivem num mundinho só seu, em que tudo faz sentido, por mais anormal que seja. Uns olhos vivos e umas falinhas mansas... completamente sem noção da doença. Uma felicidade que não deixa de fascinar...
Quem sou eu para falar? Também vivo num mundo desses, exclusivo, com direito a vulcões (a minha ira?) e a uma rosa bem/mal cuidada (o amor?).
Por isso é que vou aproveitar estas mini-férias para... relaxar?... ir à praia?... preguiçar no sofá?... pôr o sono em dia?... sair com os amigos?... passear com a família?... apanhar sol e comer gelados?... perder tempo a surfar na net?... ver filmes até me doerem os olhos?... (os momentos de sanidade mental são mesmo precisos...)
Não. Baah..... é para estudar. :(
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