Tenho a confessar que não acompanhei minimamente estas eleições. Eu sei que é meu dever, e meu direito, a abstenção é o protesto mais fácil, não-sei-quê pardais ao ninho; mas eu fui votar, não me crucifiquem já..
Mal vejo televisão durante a semana, dos jornais, só leio a capa quando passo pelo quiosque à entrada dos HUC, não há nada mais seca que a política e mudo de canal de cada vez que vejo um engravatadinho com um sorriso amarelo prestes a pregar o sermão aos peixes com petas que funcionavam no tempo em o Hérman tinha piada (enfim, a comparação é infeliz, só me lembrei disto agora porque, pensando bem nas vezes que olhei para a televisão na semana passada, elas incluem a notícia do avião caído e um vislumbre do Hérman sentado ao lado do José Eduardo Moniz, ambas na tv do canto da enfermaria da Medicina Intensiva - é para verem como eu ando altamente concentrada no meu trabalho).
Sim sim, que irresponsabilidade, não fazer uma escolha fundamentada.. whatever! Tenho tanto em que pensar, e estas eleições são uma treta.
No entanto, quase que tive vergonha quando, em conversa, vim a saber que um dos candidatos era meu vizinho (vá, Celas é grande, mas é meu vizinho), e eu nem nunca tinha ouvido falar no nome dele. Por pouco saía eu à rua numa destas noites de Verão que têm estado, para ir deixar o lixo e ainda o encontrava junto ao ecoponto, fazia conversa mole entre uma garrafa de óleo FULA e uma embalagem de OMO à mão (se isso fosse meu hábito), e ainda me punha a mandar bitaites sobre o partido dele (se eu estivesse a par disso). Era no mínimo, constrangedor.
Adiante, hoje entrei na minha escolinha primária para ir votar. A última mesa, como sempre. Ainda sou nova. Na minha antiga sala de aula, como sempre. Vazia. O pessoal da minha geração está-se nas tintas para isto. Eu incluída, que por acaso saí para tomar café com os papás e, visto que eles iam votar, fui na onda. Senão era abstenção pela certa e vinha ver um filme para casa. Entregaram-me uma folha A4 com tantas hipóteses que até me assustei. Cum caneco!! Eu não sabia que havia tantos partidos. Tantos cães para um osso que pelos vistos era bom e não me disseram. Não deixei de me rir com o nome de alguns deles, e fiquei mais tempo na box que o que era necessário. A fazer o quê? Não é da vossa conta, está no segredo dos deuses. Dobrei a folhinha como mandam as regras e enfiei lá na ranhura. Missão cumprida. Voltei para casa e interessa-me tanto quem ganha como o pé-de-atleta do Papa. Tenho orgulho de ser portuguesa.
Ah, se queriam realmente ler uma opinião política séria com consciência social, há para aí bons blogs para isso..
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