30 junho 2009

Audição

Correu às mil maravilhas. Estou toda inchada de orgulho! Não foi nada nada como eu agoirei... Exímia executante, a minha miúda! Quando chamaram os professores ao palco, eu estava, feita parva, com um sorriso rasgado de orelha a orelha que não consegui desmanchar desde que ela actuou. Foi lindo. :D
No final da festa, uma pequenita que costuma andar lá pela escola a roer-me as canelas, veio-me perguntar: "Professora Teresa, ainda vai cá estar quando eu fizer 14 anos?" (tem 8), e eu digo "Não sei, Alicia, porquê?" e ela "Porque eu pedi aos meus pais para aprender flauta transversal e eles disseram que eu podia quando fizesse 14 anos, e eu queria que fosse consigo..." (qualquer coisa que lhe disseram para a calar e não desistir já do piano). Tão querida!

Não sei se vou poder dar aulas para o ano, nem devo ter grande futuro nisto, mas cá para nós que ninguém nos ouve: foi MUITO BOA a experiência. Recomenda-se ;)

26 junho 2009

No hard feelings

Hoje assisti à minha última aula do curso. UAU. Última aula, depois destes anos todos, nem acredito.
Foi uma bela aula de Psiquiatria, em que o prof chamou um ex-toxicodependente para vir falar connosco.
Ex-toxicodependente até certo ponto: "Gasto agora quase tanto na farmácia como gastava em heroína... e, se não estou dependente do meu traficante, estou dependente do meu médico e nunca posso ir para muito longe". O rapaz toma uns 6 ou 7 fármacos no dobro (e alguns o triplo) da dose terapêutica máxima. Um só fármaco nessa dose punha qualquer um de nós de coma (palavras do prof). No entanto, é graças a isso que se conseguiu encaminhar. Quando questionado se se arrepende e se acha que perdeu muita coisa na vida, recosta-se na cadeira e responde: "Não. Sou o que sou hoje por ter passado o que passei."


Dei por mim a correr os olhos pela sala e a sorrir... Não comparemos as histórias, nem tem nada a ver, mas as frases feitas são feitas para pensar. Estas pessoas (vide post anterior algures) não deixarão de ser minhas colegas aqui, nesta última aula... Vão sê-lo sempre, e onde quer que vá, posso sempre encontrar um deles. Guardar ressentimentos é uma grande estupidez. Grande grande estupidez, não ganho absolutamente nada com isso. Ganho com a experiência. Daqui a uns tempos, vou sorrir assim ao que se passou, à maneira como reagi e, principalmente, à importância que lhe atribuí. E vou ver, que tudo desapareceu num sopro e se dissolveu na brisa... ou no tempo.

Moonwalk

Não há nada de novo a ser dito.
Só para informar que estou de luto.. :(

ÚNICO, sem dúvida.

25 junho 2009

Hahahahaha

Ri-te. Ri-te até se queixar o rosto. É para isso que o és. Deixa-te ir, galga a mais alta colina, assenta os pés descalços na terra despida, abre os braços, estica-os às nuvens – e grita. Grita tanto quanto consigas. Grita o que te apodrece o pensamento, grita o que amontoas na garganta, grita o fardo que te submerge o corpo… e afasta-os em sopro. Vê-os a dissolver-se na brisa e a não tornar – os assombros da tua alma. Estás leve, estás livre. Não te acanhes, não te encubras, não fujas mais. Pula, baila, assobia, trauteia. Cerra os olhos, cerra os punhos, sente a pulsação nas tuas mãos, sente-a bem – crê que estás viva. Sê realista, sê egoísta! Não cries expectativas, não sonhes, não acredites? Larga a mala no chão, as portas abertas, os cabelos soltos, vai, vai, não te detenhas senão quando chegares. Não desistas, não esmoreças, não consumas esse alento que é tão teu, que é tão certo.
Que outro motor haverá?

24 junho 2009

@£§&%!!!

Rasganço adiado.

20 junho 2009

Flute rocks

É do caneco preparar uma audição. A minha aluna vai tocar o Amazing Grace e o Intervalo. Escolhas dela, eu deixei. Eu deixei porque sabia que mais ensaio, menos ensaio, aquelas músicas (quaisquer que fossem), lhe iam causar maleitas - e eu não ia arcar com as culpas.
É que aquilo é... um vá lá então vamos começar com o piano; é se calhar começavam antes as violas; é ah não, o piano fica melhor; é e se repetissemos o refrão, que fica bem; é esqueçam isso que fica horrível; é já estou a ficar tonta de tanto soprar; é a professora a ralhar porque ela não usa a técnica; é vamos só parar 5 minutos; é agora a flauta arrefeceu e desafina; é espera lá que o piano vai muito rápido; é olha aí que as violas estão descoordenadas; é pára com o jambé que já não me ouço a pensar; é tenho que me sentar que já não posso dos joelhos; é tenho que parar que me doem os braços; é olha-que-merda tenho uma cãimbra no mindinho; é a professora a ralhar porque não se dizem asneiras; é vamos cantar nós para a flauta descansar; é esqueçam lá isso que ninguém sabe a letra; é vá lá calem-se que me ferem os ouvidos; é tudo a bufar de impaciência; é vamos embora que ainda morro de fome; é andem lá só mais uma vez e acabou-se; é vamos voltar do início que está tudo mal...

Enfim, a música repete-se milhentas vezes até a odiarmos com quanta raiva as entranhas aguentam. Claro que, no dia do juízo final, a plateia ouve tudo pela primeira vez, e se a miúda se engana... é porque não ensaiámos o suficiente; é porque isto é uma geração de preguiçosos; é porque a professora é nova e não presta; é porque alguém tossiu e a cachopa distraiu-se; é porque as luzes lhe batiam nos olhos; é porque o afinador ficou sem pilhas; é porque o jantar não caiu bem; é porque a maquilhagem derrete com o calor; é porque atrás do palco "o meu Ré não sai!"; é porque as mãos tremem e a flauta escorrega com o suor; é porque o namoradito estava lá e a pôs nervosa...
E depois é... esses factores que não importam quando se sabe tudo de trás para a frente; é haver sempre algum palerma que diz "para a próxima fazes melhor"; é para o ano é melhor procurar outra professora; e é a frustração de ter tocado tudo bem incontáveis vezes, e só eu saber do que ela é capaz...

Mas algo me diz que vai ser 5 estrelas! ;)

A minha casa não é igual à tua

E se, nas nossas cidades, em vez de grandes mamarrachos, caixotes e caixotes todos iguais, simplórios, entediantes e realmente feios, tivéssemos isto?

19 junho 2009

Come walkabout

Quem me conhece sabe que desde que sou gente, não falo de mais nada senão de ir à Austrália. Isso em termos de viagens, que eu tenho mais temas de conversa. Só agora conheço este filme (Australia) porque me diziam que não valia nada, e eu andava a adiar o desgosto. Visto que tenho mais é que estudar para acabar o curso, foi a melhor altura que arranjei para o ver. Realmente, não é que valha grande coisa. Se não fosse esta cena da Nicole Kidman (à parte da matança de animais selvagens que se faz por lá, ri-me a valer), e as costas musculadas do Hugh Jackman lá pelo meio (em termos de Anatomia, é um excelente objecto de estudo - só estou a pensar nesse aspecto)... o filme diz muito pouco da Austrália.

Esta é a Austrália que eu quero ver...

mas se não me ponho a pau, ainda me calha esta:
"Come to Australia" - Scared Weird Little Guys
hehehe :D

16 junho 2009

Fartanço

Encontro-me num estado de desleixo sem precedentes.
- Anteontem andei todo o santo dia com uma mancha de café na camisola e nem liguei. Pior, fui a casa almoçar e voltei a sair sem me lembrar sequer de trocar de roupa. No dia anterior tive preguiça de passar a ferro umas calças, mas usei-as na mesma (há calças de ganga engelhadas que são fashion, as minhas não) - foram desenrugando ao longo do dia e ficaram um mimo.
- Ontem, belo dia enevoado com previsão de chuva, saio de casa (onde está um calor infernal) sem olhar antes pela janela, de sapatinho aberto (a pavonear, sem pudor, o belo do joanete do tamanho de Júpiter) e sem guarda-chuva. Pior, quando já estou no hospital há sei lá quantas horas, quando já passei pelos quartos todos da enfermaria e já vi todos os médicos, sento-me e olho para baixo... os meus pés, todos riscados e escritos a caneta azul. Foi a forma que arranjei, na noite anterior à uma da manhã, sentada na cama a estudar Anatomia (última cadeira do curso ainda por fazer), para decorar os tendões todos do pé: escrevê-los na pele. Sendo que o duche da manhã é tomado ainda de olhos fechados, sem as lentes postas e à pressa... deu nisto.
Mas não me fico por aqui, o desleixo vai mais além horizontes.
- O meu cabelo não vê amaciador há sei lá quanto tempo, portanto anda num estado que varia entre uma esfregona velha e o ninho de melros lá de casa. Só me falta deixar crescer um tufo nos sovacos, pôr uma t-shirt de cavas, e o quadro é perfeito. Há quem repare, mas é para o lado que durmo melhor.
- Dentro de duas semanas é o meu rasganço (se entretanto tiver feito Anatomia, claro) e, enquanto as minhas colegas vão aparecer todas sexy com soutiens push-up e corpetes à mulher da vida (não, não arranjo um convite aos meninos perversos), eu vou ser uma bola de trapos. Os meus coelhos vão estar orgulhosamente à vista de 50 pessoas, porque aqui a menina não põe os pés no ginásio, sendo a razão pura moleza. O que são os coelhos? Eu digo. Os coelhos são aquelas almofadinhas que se ganham de um lado e outro da cintura quando estamos a perder a forma física. Não chegam a ser um pneu, mas têm potencial para isso. Eu e o meu irmão travamos há muito uma batalha rija contra os coelhos. Depois de uma almoçarada de fim de semana, os coelhos dizem: "Aaaah!! Estamos consoladinhos!.." e quando vamos fazer exercícios dirigidos aos coelhos (tipo inclinar o tronco para cada lado, com a cintura fixa), os coelhos dizem "Ai!!" de um lado e "Ai!!" do outro. Claro que isto gera um certo equilíbrio, e os coelhos não crescem mas também não nos livramos deles.
- Hoje dou por mim a almoçar sozinha na cantina, coisa que me aterrorizava há uns anos atrás. Não era capaz, fazia muita mossa na reputação. Claro que, nessa altura, eu não entrava numa cantina sem conhecer uns 15 a 20 marmanjos; neste momento, entro (como de boca aberta, pego nos ossos com as mãos e palito os dentes, se quiser - não o faço, mas podia) e saio sem avistar uma cara familiar.

E isto porquê? Não sei o que se passa, mas suponho que é fartanço. Numa cidade de estudantes, em que os novos estão sempre a chegar e os velhos a partir, a média de idades da maioria dos sítios que frequento (tirando o hospital) é de 20 aninhos. Logo, eu já faço parte da quota dos cotas. Ir à discoteca é entrar num infantário e ser a educadora de infância. Estou deslocada. É cruel viver em Coimbra depois dos 25. Como ninguém olha duas vezes para uma cota, acabamos por nos habituar a não nos sentirmos observados. E o desleixo instala-se. Está a chegar a um estado crítico que me preocupa.
Acho que quem mais se assombra pela nostalgia de sair de Coimbra é quem não a viveu. Sei que aproveitei muito, ri muito, festejei muito (bebi muito), namorei muito, experimentei muito, aprontei muito, estudei muito (pouco), fiz tudo o que podia ter feito nesta cidade mágica. Mas essa fase da minha vida está a passar, é preciso algo novo. Posso depois voltar... de certeza que vou voltar... e as saudades vão ser mais que muitas... mas agora, agorinha mesmo, estou farta. E não vejo a hora de sair daqui.

15 junho 2009

O quase

Uma das coisas que tenho notado neste meu retorno à blogosfera é que anda para aí muita gente de mal com a vida. Mas não me levem a mal – isso é bom, dá azo a belos textos sarcásticos, do jeito que eu adoro. E toda a gente sabe que quando andamos contentes, a deitar foguetes e a apanhar as canas, a avistar passarinho verde, com mouro na costa... poucos perdem o tempo de se sentar à frente do computador para escrever – o que a gente mais quer é aproveitar a vida, sair para a rua e passear, porque tudo que vemos é belo, todos os jardins estão floridos, todos os dias são de sol e arco-íris. Para além de que dissertar sobre a nossa felicidade não tem grande piada para quem lê.
Tal como a desgraça alheia é amiga do jornalista, a política é o combustível do comediante, e o azar ao amor é a inspiração do poeta.
Ora eu, que não vejo interesse na desgraça alheia (por isso é que faço alergia ao telejornal da TVI), que pouco ou nada percebo de política, e que já (quase) ultrapassei o meu passado azarento em matéria de amores… dou-vos o quê para ler?
Paciência, tomem lá disto… (é o quase):

Vem agora ter comigo, vem ver o céu cor de flor (*)
Olha para mim e pergunta-me se é verdade o que dizem do amor.
Não há quem te diga com certeza, o que devemos procurar na vida
Mas digo-te eu, que não tenho dúvida, esta história já foi lida.
Acordei de repente e o mundo está mais frio
As pessoas mais longe, dentro de mim um vazio.
Vagueio pelas ruas de sempre, conhecia os becos de cor
Mas sem ti são tão diferentes, esta cidade ficou maior.
Parece que já foi há tanto, mas foi só ainda há pouco
E já sinto a tua falta, estou entre o mar e um louco.

(*) Em alusão ao Blue or Pink, hm, hm?

A julgar pela péssima poesia, já todos vós se devem ter apercebido da semelhança com uma qualquer letra de canção fraquinha do vosso conhecimento. Pois é, isto foi feito há uns tempos, em cima do joelho, para se ajustar numa música que deverá passar em breve na vossa rádio predilecta. Ou não, também não faço ideia qual é a vossa rádio predilecta. É mais provável que passe nos Morangos, mas se vocês vêem essa merdice, metam-se já a milhas deste blog. Também já devem ter percebido que o meu orgulho nisso é menos que escasso, pelas razões que estão à vista. Enfim, pode ser que a oportunidade se repita e eu faça melhor figura. Por enquanto, digo alto e a bom som que contribuí para a fina qualidade da música portuguesa…
Para verem orgulho à séria, é porem-me a falar na minha aluna de flauta transversal que já vai actuar à frente de um auditório repleto de gente no próximo dia 30 e que me vai deixar os olhos a correr àgua feito duas torneiras estragadas. Mas isso é assunto para outro dia...

13 junho 2009

António

Hoje, dia de Santo António, faz 25 anos que morreu António Variações.
Eras um artista esquisito até dizer chega, mas obrigado por mostrares que ser genuíno e original dá os seus frutos... apesar de não teres chegado a colhê-los.

Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
(...)
Vou continuar a procurar o meu mundo, o meu lugar
Porque até aqui eu só...

Também quero!!

Ena pá... grande espectáculo!
Não digo que este seja o ambiente ideal para ver estes animais... não sou muito adepta de Zoos, por razões óbvias aos animal lovers... mas a experiência não deve ser má.
O que eu mais gostava era vê-los em liberdade, no meio da savana toda seca, debaixo de um sol abrasador, a caçar gazelas indefesas (não é bonito, mas é a lei da selva), com as patas e o focinho ensanguentados, a dormir nas raras sombras que existem, a sacudir as moscas com a cauda... e lindos, por natureza.
Tocar-lhes seria tarefa impossível, e isso faz parte da sua beleza. Serem perigosos, inalcançáveis, independentes... livres!
E não meros animais de estimação.

Aqui, num Zoo da Argentina muito longe de si.

Primavera cá em casa

12 junho 2009

Feira da terra

É o grande evento em Cantanhede.
As festas cá da terra são muitas e durante todo o ano. Tudo é pretexto para montar tasquinhas. É a feira das reduções, é a feira das velharias, é a feira do emprego, e é a feira municipal com packs de 10 meias a 5€ na tenda dos ciganos, aos dias 6 e 20 de cada mês.
Mas esta, esta é a Feira com F grande, é o culminar de todos os ensaios. É a EXPOFACIC. Começou ainda eu era catraia, com uns 20 stands que cabiam no parque de estacionamento da Escola Secundária, e desde então tem crescido a olhos vistos. Neste momento é uma monstruosidade de stands, artesanato, carrocéis, e claro, tascas. Tem uns 4 ou 5 palcos com actuações em simultâneo. É a loucura.
Desde que cá vieram os Excesso, não mais deixou de contratar belas cabeças de cartaz, com nomes como Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Nelly Furtado, Scorpions, White Snake, enfim...
Mas este ano é o abuso. Olhem-me só para isto... o Tony!!! O Tony Carreira vem cá!! (hehehe, não, ele já cá vem há muitos anos, e é sempre recebido com autocarros e autocarros de fêmeas fervorosas e, se não me engano, no cio).
Portanto, escolham o dia que mais vos cai no goto, que aqui a amiga paga uma sardinhita, ou uns pica-paus, uma morcela de arroz e, vá, uma mini para empurrar.
Apareçam! Mas não tragam a família toda, que dá muita despesa.

10 junho 2009

Ao desconcerto do mundo

No seguimento do último post e porque antes de mais, hoje é o teu dia... esta é para ti, zarolho.

Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.

Luís de Camões

Perseguição

Tenho um péssimo hábito. Pensar que as frases que algumas pessoas põem no MSN têm alguma coisa a ver comigo. Grande estupidez, não é? Mania da perseguição.
No entanto, há dois contactos que me apresentam hoje frases interessantes, que para vocês certamente não diriam um cu - mas a mim, dado a eventos recentes, dizem muito. Estes dois contactos, digamos que, agora, de cada vez que os vejo, quer na rua, quer na minha lista do MSN, dá-me um aperto na garganta, uma cólica nas entranhas, apetece-me arreganhar os dentes, espetar as unhas num tronco... Que é como quem diz: dor de corno.
(perdoem-me a pobreza da linguagem - eu sei fazer pior)
Apesar da história digna de novela da TVI em que me vi envolvida (que é como quem diz: f... bem, vocês sabem) por estas pessoas tão queridas, resolvi na altura adoptar uma postura socialmente correcta e mantive o contacto, supérfluo, de sorriso amarelo, o mais falso que pode haver (o que envolve trocar risinhos parvos e exclamações terminando em "..., linda!" à boa maneira das gajas que não se podem ver uma à outra; e cumprimentar cordialmente com um "olá" desprovido de qualquer empatia, como faço com todos os gajos que me metem nojo).
Mantive-me na minha, cool, rising above...
Até aqui aguentei-me bem. Custou gramar com os palermas a celebrar a sua felicidade primaveril a toda a hora, com carinhos pouco subtis duas filas à minha frente no anfiteatro. Era só eu ter o braço mais comprido e um problema de anger management e a maquineta do datashow voava na direcção deles. É muita falta de consideração. Mas entretanto, eu subia aos Céus em complacência, de maneira que só a minha amigona do coração me ouviu um bufar impaciente. Quanto a isso não posso fazer nada, não vou faltar às aulas só para não os ver.
Mas porra. Vão-se catar. No meu MSN mando eu. Depois de um vai-não-vai-ó-Teresa-achas-mesmo-que-é-preciso?, excluí os contactos. Problema resolvido. Cantem para aí de galos que eu já não vos ouço.
Só faltam 3 semanas de estágio. Countdown to peace...

09 junho 2009

Ora sim senhor

"Obesos sobrevivem melhor a doenças cardiovasculares do que magros."


Escarrapachado no site do Público.

É isto que o povo quer ouvir. Dêem-lhes boas notícias!
Não esperava, da parte deste jornal, publicidade enganosa deste tipo. Se os leitores forem como eu, e só tiverem tempo para olhar na diagonal para os títulos e imagens, então viram costas ao quiosque sem demora e entram na pastelaria da esquina para enfardar duas bolas de Berlim e 1,5L de coca-cola à merenda, de modo a guardar espaço para o jantarinho de dose de cavalo de batata frita com ovo estrelado e torresmos... porque, pelos vistos, faz bem.

Vão
fáchavor e leiam a notícia toda.


"Educação para a saúde" à parte, digam lá que esta bola de Berlim não tá apetitosa, hmm? Ai que aquilo é tão bom...

Mini-férias!

Ah!!
Maravilha...
Cheguei a casa com as tralhas para umas mini-férias. Abençoadinhos feriados.
A semana não podia ter começado pior, o que vale é que passou rápido (hehe, se todas as semanas tivessem só dois dias de trabalho...).
O último mês de estágio, na Psiquiatria mulheres. Segunda-feira, uma salinha pequena cheia de raparigas (doze, a minha turma) a olhar expectantemente para a porta, quando entra um dos médicos. Põe-se dois segundos a olhar para nós, para depois soltar um "Ena pá.......... SÓ GAJAS!!" Gente louca aquela. Vinha daí a minutos a saber que aquela peça ía ser o meu tutor.
Tirando isso, valha-me Nossa Senhora... é o degredo.
Este país está de tal maneira que não se vê mais nada senão depressões. É de suspirar de alívio quando se ouve qualquer coisa que não um "não gosto de andar na vida" (por alguém que claramente não conhece a conotação da expressão "andar na vida"), ideias suicidas fixas (apesar de duvidosas...) ou um ataque de choro porque a alta está eminente e não se está para deixar o relax do internamento, onde não há comida para fazer nem casa para arrumar, nem a mãe, a avó e os primos, todos uma "cambada de ingratos" para cuidar... Uma espécie de mini-férias para algumas doentes, portanto.
É assim, com entusiasmo, e algum medo, que me aproximo de uma psicótica hostil para perguntar (entre outras coisas obviamente necessárias ao diário clínico) se tem comido bem, e ficar a ouvir o quanto ela comia sopa quando era nova e que hoje em dia ninguém faz sopa (sem deixar de contar, com todos os pormenores e todas as voltas que uma conversa pode dar, quantos regos de couves o marido - que está ali, aponta ela para o ar ao fundo da cama, como se o estivesse mesmo a ver - plantava nas terras, para então se lembrar de falar no casamento e nas doenças da mãe, e na p* da nora, para voltar de novo à sopa).
Parece que tem piada mas não tem piada nenhuma. Só que, se não virmos as coisas por esse lado, enfim... Há histórias mirabolantes, chocantes, e aquela gente não está a receber cachet de actor de filme dramático, é mesmo a sério.
É triste, e saio de lá com o astral de rastos.
E depois há aquelas, que vivem num mundinho só seu, em que tudo faz sentido, por mais anormal que seja. Uns olhos vivos e umas falinhas mansas... completamente sem noção da doença. Uma felicidade que não deixa de fascinar...
Quem sou eu para falar? Também vivo num mundo desses, exclusivo, com direito a vulcões (a minha ira?) e a uma rosa bem/mal cuidada (o amor?).

Por isso é que vou aproveitar estas mini-férias para... relaxar?... ir à praia?... preguiçar no sofá?... pôr o sono em dia?... sair com os amigos?... passear com a família?... apanhar sol e comer gelados?... perder tempo a surfar na net?... ver filmes até me doerem os olhos?... (os momentos de sanidade mental são mesmo precisos...)

Não. Baah..... é para estudar. :(

07 junho 2009

Pim-pam-pum

Tenho a confessar que não acompanhei minimamente estas eleições. Eu sei que é meu dever, e meu direito, a abstenção é o protesto mais fácil, não-sei-quê pardais ao ninho; mas eu fui votar, não me crucifiquem já..
Mal vejo televisão durante a semana, dos jornais, só leio a capa quando passo pelo quiosque à entrada dos HUC, não há nada mais seca que a política e mudo de canal de cada vez que vejo um engravatadinho com um sorriso amarelo prestes a pregar o sermão aos peixes com petas que funcionavam no tempo em o Hérman tinha piada (enfim, a comparação é infeliz, só me lembrei disto agora porque, pensando bem nas vezes que olhei para a televisão na semana passada, elas incluem a notícia do avião caído e um vislumbre do Hérman sentado ao lado do José Eduardo Moniz, ambas na tv do canto da enfermaria da Medicina Intensiva - é para verem como eu ando altamente concentrada no meu trabalho).
Sim sim, que irresponsabilidade, não fazer uma escolha fundamentada.. whatever! Tenho tanto em que pensar, e estas eleições são uma treta.

No entanto, quase que tive vergonha quando, em conversa, vim a saber que um dos candidatos era meu vizinho (vá, Celas é grande, mas é meu vizinho), e eu nem nunca tinha ouvido falar no nome dele. Por pouco saía eu à rua numa destas noites de Verão que têm estado, para ir deixar o lixo e ainda o encontrava junto ao ecoponto, fazia conversa mole entre uma garrafa de óleo FULA e uma embalagem de OMO à mão (se isso fosse meu hábito), e ainda me punha a mandar bitaites sobre o partido dele (se eu estivesse a par disso). Era no mínimo, constrangedor.

Adiante, hoje entrei na minha escolinha primária para ir votar. A última mesa, como sempre. Ainda sou nova. Na minha antiga sala de aula, como sempre. Vazia. O pessoal da minha geração está-se nas tintas para isto. Eu incluída, que por acaso saí para tomar café com os papás e, visto que eles iam votar, fui na onda. Senão era abstenção pela certa e vinha ver um filme para casa. Entregaram-me uma folha A4 com tantas hipóteses que até me assustei. Cum caneco!! Eu não sabia que havia tantos partidos. Tantos cães para um osso que pelos vistos era bom e não me disseram. Não deixei de me rir com o nome de alguns deles, e fiquei mais tempo na box que o que era necessário. A fazer o quê? Não é da vossa conta, está no segredo dos deuses. Dobrei a folhinha como mandam as regras e enfiei lá na ranhura. Missão cumprida. Voltei para casa e interessa-me tanto quem ganha como o pé-de-atleta do Papa. Tenho orgulho de ser portuguesa.

Ah, se queriam realmente ler uma opinião política séria com consciência social, há para aí bons blogs para isso..

It's a new life for me

Birds flying high... you know how I feel
Sun in the sky... you know how I feel
Reeds driftin' on by... you know how I feel
It's a new dawn, it's a new day, it's a new life
For me
And I'm feeling good
Fish in the sea... you know how I feel
River running free... you know how I feel
Blossom in the tree... you know how I feel
It's a new dawn, it's a new day, it's a new life
For me
And I'm feeling good!!

dos fantásticos Muse

O que é que aprendeste em 25 anos?

Aprendi a andar sem ir com o nariz ao chão, a falar sem inventar palavras, a vestir-me sem ser do avesso, a comer com a boca fechada e os talheres nas mãos certas, a lavar os dentes todos até os lá do fundo, a não fazer chi-chi na piscina, a não tirar macacos em público e fazer bolinhas, a associar o chocolate aos surtos de borbulhas, a associar as palpitações à aproximação da carinha laroca da turma, a não pôr saquinhos de chá com agrafos no microondas, a não acender o fogão com isqueiro (porque queimo sempre os pêlos dos dedos e fico a cheirar a porco)... Enfim, o básico (já é mais que muita gente aprende no dobro ou o triplo do tempo).
Aprendi que é possível estar bem sozinha. Aprendi que consigo fazer planos mesmo me imaginando sozinha no futuro (até safaris e backpacking na Austrália). Aprendi que ninguém constrói o nosso futuro a não ser nós mesmos.
Aprendi que não tenho que fazer o que não quero para agradar os outros. Aprendi que não tenho que aturar gente que não gosto, que me dão seca ou que até me deixam doente, só porque tenho pena, porque não consigo ser desagradável, ou porque não sei dizer que não.
Aprendi que não gosto de dar satisfações.
Aprendi que detesto tabaco, detesto o fumo, detesto cinzeiros cheios de beatas, e que sou preconceituosa quanto a quem fuma. É que é demasiada estupidez, não entendo.
Aprendi que ando muitas vezes na rua a pensar com os meus botões e a olhar para o chão (não encontro tantas moedas como isso), o que, para além de me poder fazer perder coisas e caras bonitas que me passem ao lado, faz com que me depare com demasiados escarros alheios. E isso é nojento.
Aprendi que a família próxima e os amigos real thing são mesmo o melhor da vida.
Aprendi que certas decisões que temos que tomar, para nosso bem, podem magoar pessoas que gostamos, e não conheço, até agora, maior angústia que essa.
Aprendi que devemos olhar sempre em frente e deixar o passado para trás. Não há outra maneira.
Aprendi que é fácil viciarmo-nos em café!
Aprendi que não gosto da maioria da música comercial, a não ser para ir dançar.
Aprendi que estou longe de ser perfeita, mas gosto do que sou e não queria ser diferente.
Aprendi que não há nada como nos conhecermos a nós próprios, e que os momentos de soul searching são realmente elucidativos.
Aprendi a não dar lugar à raiva.
Aprendi que há coisas que se dizem e há coisas que são só nossas, caso contrário perdem o encanto.
Aprendi que certas coisas, a beleza, a juventude, as pessoas… são efémeras, e há que ter sempre isso em mente. Tipo uma vez por semana.
Aprendi que a vida é complicada, mas não tanto como achava há anos atrás. Como tudo, é uma questão de hábito.
Aprendi que as paixões nos transformam por completo e trazem ao de cima o pior (e o melhor?) em nós.
Aprendi que uma grande tampa traz grande sabedoria (tudo tem o seu lado bom!).
Aprendi a gostar das pequenas coisas, dos pequenos momentos. Não é frase feita, é mesmo a sério!
Aprendi que há tempo para gastar com escritas profundas e há tempo que tem que ser gasto a estudar o Harry (é agora a seguir!).


05 junho 2009

O bichinho cá dentro...

Quase dois anos feitos desde a minha última postagem... e o bicho de escrever foi maior.
Hibernou este tempo todo, só para recuperar forças, aperceber-se que não podemos lutar contra a nossa natureza, e sair da toca completamente renovado, feroz e pronto para a aventura. Não sou capaz de lhe fugir muito tempo, ele volta sempre. Apanha-me pelas canelas e põe-me um teclado à frente.

Apesar de estar no (provavelmente) mais difícil e decisivo ano da minha vida... acho que é por isso mesmo que resolvi recuperar o meu escape.
Desde que aprendi a escrever que tenho um diário; quando deixei os diários começaram os blogs; e quando deixei os blogs perdi as estribeiras. É o meu tratamento anti-stress. (não desvalorizando a maravilhosa massagem anti-stress que as minhas amigonas me ofereceram nos anos - ai, vida boa!)

Portanto... não foi uma (re) entrada triunfal, pois não?
Eu também não sou dessas coisas. Conquisto aos poucos.. ;)

Inté!