Está tanto friiiiio!!!!!
Ao menos que também nevasse aqui, para os meus gatinhos se divertirem.... :)
Foi longa a ausência, eu sei.
A única coisa chata em ir para os Açores é a imprevisibilidade do tempo. Imaginem que tenho que abrir a mala no aeroporto, com que é que se deparam os senhores seguranças? Num canto 5 biquinis, no outro um impermeável; numa bolsa o creme protector solar e num saquinho, um mini guarda-chuva; havaianas e um casaco polar... já estão a ver a mixórdia... ainda sou presa por não levar um atestado de sanidade mental que me permita viajar sem um médico - hmm, por acaso nisso até estou coberta... ;)Sinto que te conheço desde sempre. Esta sintonia que é tão rara, tão valiosa, tão difícil de encontrar, que só tenho medo de acordar e ver que foi um sonho. Onde estiveste este tempo todo? :)
Já só faltam 9 dias. Contagem decrescente para finalmente pegar nas trouxas, na máquina fotográfica e na boa disposição que não tem reinado nos últimos dias e anda algures escondida no fundo de uma gaveta (deixo o meu Harry para trás - "tem que ser, querido, eu volto mas preciso de um tempo") e pôr-me a milhas desta cidade fantasma que é Coimbra em Agosto... com rumo traçado ao último paraíso na Terra (segundo um filme que vi há uns tempos...).
Está mais que na hora de me agarrar com unhas e dentes a este menino. Ele chama-se Harrison, Harry para os amigos, e é um graçolas de quase 3000 páginas que se lêem à velocidade de um Renault 5 guiado por uma velhinha de cabelo azul numa solarenga tarde de domingo. Chamemos-lhe um belo romance de Verão. Mas não há cá flirts, nem falinhas mansas, nem beijinhos roubados… não senhor, é logo a sério. Chama-se o notário e é casório para durar até à segunda quinzena de Novembro. Findo esse tempo, a nossa relação será avaliada por um padreco mal-humorado, a.k.a. Prova Nacional de Seriação, a.k.a. Prova de Acesso à Especialidade. Portanto, não há  tempo para traições furtivas (estou a falar contigo, Murakami), pode ser uma união curta, mas tem que ser autêntica. É cair de cabeça e fazer este matrimónio dar frutos - filhos legítimos para cima dos 80-90%... (haha, sonha). 
A super "How I met your mother" está nomeada para um Emmy de melhor série de comédia e o super Neil Patrick Harris (Barney Stinson) está nomeado (tal como em 2007 e 2008) para melhor actor secundário em série de comédia. 
Já não bastava o peso da minha culpa por faltar ao ginásio há mês e meio e por passar dias inteiros com o rabinho alapado na cadeira… chego a casa e levo com um “estás mais gordinha, Joana!” acompanhado de um sorriso feliz como se essa fosse a melhor notícia que me podiam dar. Espectáculo. Para a minha mãe até é, que em época de exames ela acha que eu me enfio em casa e faço greve de fome. Todos os fins de semana olha para mim com um ar preocupado e diz: "Mas tu tens comido?" ou "Qualquer dia desapareces..." Qualquer gaja vos poderá dizer que apesar de sabermos que tratamos bem a barriguinha e estamos na mesma como a lesma, estas palavras são sempre boas de ouvir. O contrário é que já custa um bocadinho.
Como se sentiriam vocês se um (quase) estranho, que até viram algumas vezes mas com quem trocaram menos de 10 palavras na vida, vindo sabe-se lá de onde enquanto marravam tranquilamente músculos enfadonhos, vos entregasse um papelucho dobrado com um número de telemóvel, se inclinasse sobre o vosso ombro e vos sussurrasse ao ouvido: “Não sei quando te volto a ver… caso queiras tomar um café...”, desaparecendo em seguida?
Eu sempre achei que era impossível. Um percurso académico inteiro, anos e anos, 83 tentativas mais-coisa-menos-coisa… e nunca tirei da cabeça que isto era absolutamente impossível. Uma meta só alcançável àqueles cujos cérebros serão um dia colectados para estudo.
Eu ponho-me a dizer que gosto de pessoas esquisitas, e encontro aqui um bom monte delas!
Os Hospitais da Universidade são bueda grandes. A certa altura já parecem pequenos e asfixiantes (quero sair daqui!), mas não deixam de ser grandes em área. Milhares de pessoas entram e saem todos os dias. São grandes e labirínticos, de tal maneira que de cada vez que alguém lá da terrinha está internado, eu tenho que fazer de guia às visitas. Vá, nem sempre, senão estava mal e tinha que cobrar o tour.
... e a minha paciência escasseia! Em minha casa vivem 5 raparigas, eu sou a mais velha. Desde que aterrei aqui, há 3 anos, organizei 3 caixotinhos na dispensa para separar a reciclagem. Para não haver guerras, disponibilizei-me logo para levar as coisas ao ecoponto, que até é perto, e não me custa absolutamente nada. A única regra era colocar a reciclagem minimamente limpa, para não deitar cheiro. Ainda se consegue compreender (a muito custo) que seja extremamente trabalhoso passar por água uma lata de salsichas ou um copo de iogurte, e que seja mais fácil simplesmente deitar para o lixo normal. Mas uma caixa de cereais? Um pacote de bolachas?? Tudo enfiado no lixo da cozinha!! E embalagens vazias de champô? E caixas de sabonete? Tudo enfiado no lixo da casa de banho!! Óbvio que não vou andar a chafurdar no lixo a tirar coisas para a reciclagem! Mas como é que é possível haver gente tão parca de inteligência?!! São cachopas novas, onde é que este mundo vai parar?!
Eu gosto de pessoas esquisitas com manias esquisitas. Daquelas que vivem no seu mundinho e só deixam transparecer uma quarta parte do tumulto que lá vai dentro... tipo eu. Acho que é por isso que o meu filme preferido de todos os tempos é o "Fabuloso destino de Amélie" (seguido de perto pelo "Sen to Chihiro no Kamikakushi", visto que o Miyazaki é outro esquisitóide de primeira)... ou seja, dois weirdos encontram o amor e eu acho isso lindo.
 Five o’clock p.m., pego no meu super popó (um bolinhas vermelho-à-benfiquista-orgulhoso-não-sei-bem-de-quê, dois lugares, em 2ª mão, comprado de propósito para a menina treinar as suas manobras automobilísticas – vai a tempo, só tirei a carta há 3 anos – e para o papá ir à pesca) e vou até ao centro procurar quem me ajude a domar esta juba.
Entro na cabeleireira que é unissexo mas só com um “s” (já explico) e, como é ritual estabelecido há muitas gerações, vendo que todas as empregadas estão ocupadas, dou as boas tardes, alapo o rabinho no sofá e vasculho a literatura espalhada na mesinha em frente. Não, não me sinto tentada a pegar numa Caras ou numa Maria, por mais apetitosas de mexericos que pudessem parecer; pego no Diário de Coimbra, só porque fico francamente admirada por ver ali um jornal (é para fazer valer a designação unissexo, mesmo que não se visse um único cliente masculino). Estava a acabar de ler a notícia da Académica quando ouço pela 3ª vez: “É para lavar e secar?!” e finalmente levanto a cabeça para ver quem é que era tão surdo que não ouvia isto à primeira (vá, o barulho do secador perturba, mas a mulher estava a berrar alto o suficiente!), e vejo que ela estava era a falar comigo. “Não, é para cortar!”, respondo eu, a sorrir e a ficar da cor do meu bolinhas. Nisto, salto do sofá e vou ter com ela, que já está de toalha em punho para ma enrolar à volta do pescoço e lançar as garras ao meu couro cabeludo. Sim, porque cabeleireira que se preze tem que ter unhas de metro e meio, que raspam no escalpe enquanto nos lavam a cabeça – o que, estranhamente, sabe bastante bem (e também pulseiras cheias de penduricalhos que fazem um tlim-tlim-tlim agradável).
Só aí, de olhos fechados a saborear a massagem grátis com champô de morangos, é que me apercebo do tema de conversa. Ora nem mais: médicos. Estava uma senhora indignadíssima a contar que um médico “daqueles novitos” lhe tinha indicado num papel para tomar uns comprimidos ao pequeno-almoço, tendo escrito “almoço” com “s”. Franzi o sobrolho duvidando seriamente da veracidade dessa acusação (algumas letras são tão esquisitas que um “ç” escrito à pressa pode muito bem ter ficado parecido com um “s”), e pareceu-me que a cabeleireira notou, pois parou a massagem que tão bem me estava a dar arrepios na espinha e perguntou: “A menina estuda?”
Abro os olhos para ver se era para mim a pergunta, e vejo a senhora, de pés para o ar, a fitar-me expectante. Respondo que sim, estudo. “E é boa a português?” Digo que acho que sim, sem mostrar grande certeza para não me comprometer. “Diga-me lá então como é que se escreve unissexo?” Respondo que com dois “s”, não vendo outra parte da palavra que suscitasse dúvida. Ela larga as mãos cheias de champô da minha cabeça ainda insuficientemente consolada, e lança-as à colega do lado, a berrar “Tás a ver?! Tás a ver?!”.
Fico então a saber que há uns dias entregaram um placard para colocar na parte de fora do estabelecimento, e só quando estavam todas no passeio a fumar o cigarrinho é que repararam que aquilo tinha um erro. Aliás, uma só delas é que notou (a que me estava a lavar o cabelo), o resto ficou a olhar para aquilo como um burro para um castelo, sem conseguir notar o que raio estava mal com o dito placard. Foi uma guerra pegada, que se reergueu com a minha opinião. Fico admirada que nesses dias todos ainda nenhuma tivesse procurado um dicionário; e feliz por saber que a minha pelagem estava entregue à mais esperta delas todas.
Passado esse tema, ânimos acalmados, já eu tinha levado uma valente poda na crina, quando se lembra a dita senhora de me perguntar o que é que eu estudo. E pronto, da resposta levanta-se uma tempestade sem qualquer aviso.
(É preciso ver que, nestes sítios, quando se começa a falar mal de alguma coisa, quem conseguir falar pior ganha uma espécie de concurso.) De repente, vejo-me a ser atacada com “aquela vez que fui à urgência com o pé todo torto e nem me tiraram um raio-X”; e com “no meu parto só deixavam usar não-sei-quantas compressas e eu podia esvair-me em sangue que não davam mais”; e com “fui queixar-me com dores de barriga e deram-me comprimidos para os nervos”… que já só queria era pôr-me a milhas dali para fora antes que alguém chegasse à conclusão que os médicos não deviam ter cabelo porque, de alguma forma, (elas lá arranjavam uma, era só dar tempo), atrapalha as decisões.
Enfim, isto é a história de uma sobrevivente, sem danos de maior sofridos na molhelha … mas os médicos que se ponham a pau que, nestes dias, entrar numa cabeleireira, sem guarda-costas, padre e advogado… pode ser tarefa arriscada.
Agora agradeçam-me, os que chegaram ao fim, porque não mais recuperarão o tempo perdido a ler acerca da minha espectacular tarde a cortar o cabelo.
Levei com um selo do Senhor das Chaves que até fiquei com a cara à banda. E tive muito gosto! :D
"Ah, o final do estágio calha dia 3 e tenho um casamento dia 4. É na boa." Não é.
Eu nunca adquiro nada sem gostar. Palavra, não compro nada assim: “Olha… vai!”. Sou uma esquisita e não tenho o gene shopaholic das gajas. Eu sou capaz de fazer uma viagem ao centro comercial, entrar nas lojas todas, experimentar 238 peças e sair de lá sem nada. Há pessoas para quem isto é um ultraje…
Não querendo plagiar o tema de um episódio da série divertidíssima “How I met your mother”, o facto é que ultimamente, quando surge um convite para jantar de amigos (nesta altura são alguns e, graças à Santa, que ainda não começou a onda dos casamentos) tem que vir, infelizmente, acoplada a pergunta fatal: “Vais sozinha ou levas alguém?”. As pessoas pensam que já estamos naquela idade em que a vida está encaminhada e faz-se tudo a dois. É o caso para a maioria, mas – take your head out of your ass –, acreditem ou não, há quem fuja a essa generalização. Quando respondo prontamente que vou só eu, lá vem o “Ah, tá bem” com a conotação de “Esta fica para tia”. Mas o que é que é tão estranho em ir sozinha? Será tão difícil de crer que este pedaço de mau caminho não tenha encontrado um par à sua altura? (haha, coça aqui que esta tem piada) Porque é que ninguém fica em dúvida se sim, tenho namorado, mas que é tão tremendamente giro, sexy, educado e divertido, que não o trago a estas coisas com medo que alguma das “mal casadas” lhe ferre os dentes? (deixo-o amarrado em casa... hmm...) É uma hipótese plausível, ou não? Porque é que o “Ah, tá bem” que vem com o sentido de “Coitada, daqui a uns anos está a viver com 5 gatos”, não vem antes com o sentido de “Cabrita egoísta, quer aquele Deus só para ela”?! 
Correu às mil maravilhas. Estou toda inchada de orgulho! Não foi nada nada como eu agoirei... Exímia executante, a minha miúda! Quando chamaram os professores ao palco, eu estava, feita parva, com um sorriso rasgado de orelha a orelha que não consegui desmanchar desde que ela actuou. Foi lindo. :D 
Hoje assisti à minha última aula do curso. UAU. Última aula, depois destes anos todos, nem acredito.
Ri-te. Ri-te até se queixar o rosto. É para isso que o és. Deixa-te ir, galga a mais alta colina, assenta os pés descalços na terra despida, abre os braços, estica-os às nuvens – e grita. Grita tanto quanto consigas. Grita o que te apodrece o pensamento, grita o que amontoas na garganta, grita o fardo que te submerge o corpo… e afasta-os em sopro. Vê-os a dissolver-se na brisa e a não tornar – os assombros da tua alma. Estás leve, estás livre. Não te acanhes, não te encubras, não fujas mais. Pula, baila, assobia, trauteia. Cerra os olhos, cerra os punhos, sente a pulsação nas tuas mãos, sente-a bem – crê que estás viva. Sê realista, sê egoísta! Não cries expectativas, não sonhes, não acredites? Larga a mala no chão, as portas abertas, os cabelos soltos, vai, vai, não te detenhas senão quando chegares. Não desistas, não esmoreças, não consumas esse alento que é tão teu, que é tão certo. 
É do caneco preparar uma audição. A minha aluna vai tocar o  Amazing Grace e o Intervalo. Escolhas dela, eu deixei. Eu deixei porque sabia que mais ensaio, menos ensaio, aquelas músicas (quaisquer que fossem), lhe iam causar maleitas - e eu não ia arcar com as culpas.
Encontro-me num estado de desleixo sem precedentes.
Uma das coisas que tenho notado neste meu retorno à blogosfera é que anda para aí muita gente de mal com a vida. Mas não me levem a mal – isso é bom, dá azo a belos textos sarcásticos, do jeito que eu adoro. E toda a gente sabe que quando andamos contentes, a deitar foguetes e a apanhar as canas, a avistar passarinho verde, com mouro na costa... poucos perdem o tempo de se sentar à frente do computador para escrever – o que a gente mais quer é aproveitar a vida, sair para a rua e passear, porque tudo que vemos é belo, todos os jardins estão floridos, todos os dias são de sol e arco-íris. Para além de que dissertar sobre a nossa felicidade não tem grande piada para quem lê.
Hoje, dia de Santo António, faz 25 anos que morreu António Variações.